quarta-feira, 25 de abril de 2012

PDT sai da base, PT racha... e Agnelo enfrenta CPI do Grampo


foto google

Sujeira dos bichos começa a espalhar odor fétido na cidade

Brasília começou a afundar nesta terça-feira 24 em mais uma crise política. Entrou em cartaz o remake do filme que o País inteiro assistiu há dois anos, quando a abertura da Caixa de Pandora expôs a lama do então governador José Roberto Arruda. Agora o lixo captado em escutas telefônicas começa a cheirar mal, com o odor fétido sendo empurrado em direção ao Palácio do Buriti.

O roteiro da nova crise foi inspirado na torrente de água suja da cachoeira da contravenção. E o vilão, sob os olhos do Buriti, é o deputado Patrício (PT), presidente da Câmara Legislativa. A Comissão Parlamentar de Inquérito da Arapongagem, oficializada no meio da tarde, recebeu 11 assinaturas. Patrício foi o único petista a assinar. ...

Chico Vigilante, líder da bancada do PT, reagiu com virulência. Ele ocupou a tribuna para defender processo de expulsão de Patrício, por contrariar a orientação da legenda. “Esse fogo amigo precisa ser apagado e quem estimula a divergência deve ser alijado sumariamente do processo político”, esbravejou.

O gesto do presidente da Câmara serviu de estímulo a outros deputados da base governista. Distritais que Agnelo Queiroz acreditava manter em rédeas curtas surpreenderam e assinaram o requerimento. Viraram persona non grata Luzia de Paula e Cláudio Abrantes, do PPS; Joe Valle (PSB), Professor Israel (PDT), Aylton Gomes (PR) e até Robério Negreiros, do aliadíssimo PMDB.

As outras assinaturas são do PSD, que sempre se postou como oposição a Agnelo. O surgimento dos seus nomes (Celina Leão, Eliana Pedrosa, Liliane Roriz e Washington Mesquita) não foi novidade.

O requerimento poderia ter ao menos outras três assinaturas, mas o fisiologismo falou mais alto. Paulo Roriz, do DEM, parece ter fraturado a mão, pois se disse sem condições de assinar nada. Outros dois deputados preferiram se alijar das discussões. Um é Siqueira Campos (PMDB), que está na Câmara como suplente. O outro, Agaciel Maia (PTC) quer ficar bem na fita com o papel de conciliador, porque sonha contar com o apoio de Agnelo na disputa pela sucessão de Patrício.

Israel e Joe assinaram depois de muita pressão dos seus partidos. O primeiro chegou a dizer que seguirá fiel ao PDT comandado pelo senador Cristovam Buarque. O professor anunciou que está entregando as dezenas de cargos ocupados por seus apadrinhados. Já Joe, mesmo assinando, está reticente. Não sabe se obedece a orientação do senador Rodrigo Rollemberg, estrela maior do PSB na capital da República, ou se mantém o apoio incondicional a Agnelo.

Novas cenas do filme são esperadas para a quinta-feira 26. O PPS vai se reunir para decidir que rumos tomar. O deputado Roberto Freire, presidente nacional da legenda, já anunciou que se o partido não abandonar o barco de Agnelo Queiroz, a executiva regional enfrentará uma longa, desgastante e perigosa intervenção. Essa possibilidade começou a provocar reações.

Um exemplo é o deputado Alírio Neto, secretário de Justiça. Ele tem confiado a seus interlocutores que lamenta o quadro existente. Figura respeitada e seguida pela maioria do PPS brasiliense, o parlamentar diz que a crise está prejudicando a implantação de políticas públicas em Brasília. Ele cita como exemplo o projeto antidrogas que envolve 300 mil crianças e adolescentes e ex-detentos, com mais de 2 mil beneficiários.

Na reunião do dia 26, Alírio vai defender a permanência do partido na base do governo, segundo confidenciam assessores próximos. Sobre a possibilidade de deixar a Secretaria de Justiça, isso só acontecerá se o próprio governador pedir o cargo. “O deputado não teme ser expulso do partido. Ele defende bandeiras em benefício da sociedade e é avesso a disputas políticas”, sintetizam seus aliados.

Há alguns dias, quando a crise política que bate nas portas do Buriti ganhou maiores contornos, Alírio Neto recordou, durante conversa informal, que o PPS autorizou a coligação com a chapa encabeçada por PT e PMDB e concordou em compor a equipe de governo.

- Quem está mudando de posição é o partido, não é o deputado. Portanto, mesmo se houver o rompimento, e ele permanecendo na secretaria, não tem porque temer um processo de expulsão. Essa é uma hipótese com a qual Alírio não trabalha. E o deputado será um soldado ferrenho na defesa da continuidade de tudo de bom que vem sendo feito, enfatiza um membro da equipe do secretário.

Por Karla Maranhão e Felipe Meirelles

Fonte: Notibras - 25/04/2012/Blog do Sombra

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