segunda-feira, 9 de abril de 2012

Oito casos em 12 horas

Vítimas estavam no Plano Piloto, Guará, Taguatinga e Samambaia

 A onda de sequestros relâmpagos assusta, mais uma vez, os moradores do Distrito Federal. Somente entre a noite de quinta-feira e a madrugada de ontem foram oito: no Setor de Clubes Sul, na Asa Norte, em Taguatinga, no Guará e em Samambaia. Em dois deles, as vítimas eram mulheres. Para se ter uma ideia, somente nos três primeiros meses deste ano, foram registrados 195 casos, um aumento de 63%. Na maioria dos casos, 41%, os criminosos tinham interesse apenas no carro.

No Setor de Clubes, uma jovem de 20 anos foi vítima de sequestro-relâmpago no estacionamento do Clube dos Bombeiros, no Setor de Clubes Sul. Ela foi abordada por dois homens quando estava indo para o carro. ...

De acordo com uma amiga da vítima, que preferiu não se identificar, a jovem estava em uma festa com três colegas quando, por volta das 2h30, sentiu sono e pediu a chave do carro de uma delas para ir dormir. “Ela contou que quando estava próxima avistou dois homens tentando roubar o veículo ao lado. Ela saiu correndo, mas os homens conseguiram alcançá-la”, afirmou a amiga.

De acordo com o delegado de Plantão da 33ª Delegacia de Polícia (DP), Fábio Rodrigues, os homens a levaram de volta para o carro e colocaram um saco em sua cabeça. “A vítima disse que eles queriam o carro para matar uma outra pessoa”, afirmou o delegado.

Por volta das 4h, ela foi deixada em um matagal próximo a Santa Maria, com R$ 10 e suas sandálias. “A dona do carro disse que quando saiu da festa, por volta das 6h, não viu o veículo e logo ligou para a polícia preocupada com a amiga, mas soube por parentes o que havia ocorrido”, concluiu o delegado.

Na Asa Norte, uma mulher, que também preferiu não se identificar, estava saindo de um bar na 107 Norte com um amigo quando foi abordada por dois homens armados. Agentes da 5ª DP afirmaram que o amigo da mulher conseguiu fugir e acionou a polícia. “Ela foi deixada em uma cidade da Região Metropolitana. Só sabe dizer que os bandidos devolveram o carro e ela mesma voltou dirigindo”, explicou um agente.

Em Taguatinga foram três casos. Em um deles, F.C., 24 anos, estacionava o carro em um cursinho no Pistão Sul quando foi abordado por dois homens. No Facebook, ele contou que avistou dois homens do outro lado da rua quando chegou. Tentou sair logo do carro e entrar rápido no cursinho, mas foi abordado por um terceiro homem, que estava armado.

O rapaz foi levado deitado no chão do carro, com uma arma na cabeça, até a BR-060, rodovia que leva a Goiânia. “Era um terreno baldio. Colocaram uma camisa na minha cabeça, pediram pra correr e não olhar para trás porque poderiam me matar”, lembrou F.C. em seu relato na rede social. De acordo com ele, foram momentos de terror. “Acho que foi a primeira vez que passei tão perto da morte na minha vida”, disse. O jovem ainda faz um alerta para as pessoas no Facebook: “Fiquem muito alertas Eu mesmo sempre andava alerta e em um descuido quase que vou embora.” Outro caso foi registrado na CNB 14 e mais um em Planaltina, no Setor de Mansões Itiquira.

De acordo com o delegado Fábio Rodrigues, o sequestro relâmpago  agora é chamado de delito de oportunidade. “Os criminosos procuram pessoas que estão distraídas e descuidadas. Qualquer um com esse perfil pode ser alvo de sequestro”, afirma.

Crime de difícil combate

Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Segurança do Distrito Federal (Sindesp-DF), Irenaldo Pereira, o crescimento do número de ocorrências para esse tipo de crime é alarmante, principalmente pela dificuldade que há em combater essa prática. “As pessoas precisam ficar atentas antes de usar caixas eletrônicos, na hora de parar o carro para entrar na garagem, além de evitar atitudes que favoreçam a ação de bandidos, como caminhar falando distraído ao celular”, afirma.

Pereira diz ainda que ligar para alguém e avisar de onde está saindo e para onde vai é uma forma de se resguardar. “Quando a pessoa faz isso, quem está na outra ponta da linha fica atenta para quaisquer problemas. Em caso de demora ou desaparecimento, amigos ou até mesmo a família poderão dar informações à polícia”, explica.

Segundo o especialista em segurança Antônio Flávio Testa, o motivo do aumento dos sequestros relâmpagos está na distração das pessoas e não mais no alto poder aquisitivo. “Deixou de ser um crime que acontece na alta sociedade. Isso se dá porque as pessoas estão mais vulneráveis e distraídas”, afirma. Segundo ele, os criminosos preferem abordar pessoas que estão desatentas e sozinhas.

Além disso, o especialista explica que o sequestro relâmpago é um crime em que a polícia não pega os bandidos de primeira. ”Eles abordam várias pessoas e sem medo de ser pegos. E mais, as ondas de sequestros acontecem a qualquer hora do dia. Deixou de ser um crime noturno”, explica.
 
Por Gabriela Coelho
 
Morte na Asa Norte

Bala perdida em assalto em lanchonete termina em tragédia


A sensação de insegurança no Distrito Federal concretizou-se na Asa Norte, na noite de ontem. O analista de sistema do Banco Central S.B.J., 31 anos, perdeu a vida após ser vítima de uma bala perdida durante assalto em uma casa de sucos, na 413 Norte, às 20h30. Nos últimos dias, o temor da violência e da criminalidade vem ganhando espaço entre a população, não apenas no Plano  Piloto, mas por todo o DF. Em março, foram registrados 88 homicídios. No final da noite um suspeito, T.A.P., 20 anos, foi preso e chegou a ser agredido na delegacia, por amigos da vítima.

S.B.J. foi alvejado na frente da esposa, da filha e da irmã. Ele completaria 32 anos de vida amanhã, no domingo de Páscoa. O disparo fatal atingiu a vítima no tórax, diretamente no coração. No momento, o estabelecimento sediava um encontro com mais de cem ciclistas.

Pelo relato de testemunhas, um assaltante chegou no local de moto, uma Honda Biz, e roubou o notebook de uma cliente, uma estudante da Universidade de Brasília, que se preparava para uma prova. A vítima gritou por socorro e outros fregueses tentaram deter o bandido.  Para fugir, o criminoso disparou apenas uma vez na direção das pessoas que se encontravam ali.

O tiro atingiu S.B.J., que não estav depois, ele morreu no Hospital de Base de Brasília. “Estou arrasada. A cena me lembrou o episódio de Realengo, no Rio de janeiro, uma pessoa atirando e as pessoas se jogando no chão”, desabafou a proprietária da lanchonete, Regina Parreira.

NOTEBOOK RASTREADO

Na hora do crime, famílias estavam  se divertindo no encontro de ciclistas que, tradicionalmente, é promovido pela loja. “Isso não pode ficar assim. Aqui é uma casa de suco. A vítima do roubo estudava para uma prova”, protestou.

O autor do disparo fugiu do local com o notebook, mas deixou cair um celular que está em posse de agentes da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), responsável pelo caso. Conforme fontes da Polícia Civil, o computador portátil possuia um GPS. Seguindo o sinal, policiais se deslocaram até o Paranoá.

Segundo informações da polícia, ontem, até o horário deste crime, ocorreram pelo menos trezes tentativas de homicídio no DF. Os prejuízos da criminalidade também prejudica o rendimento dos comércios. No caso da casa de sucos, pelas contas da dona, o prejuízo foi de R$ 2 mil, já que todos os clientes fugiram do local com medo, após a brutal cena do disparo.

Pouco antes da tragédia, S.B.J.  chegou ao estabelecimento de bicicleta,  encontrou a mulher e a filha, que teriam ido de carro. A vítima seria de Pernambuco e, segundo informações, provavelmente a família virá de Recife para buscar o corpo.
 
Por Francisco Dutra e Luis Augusto

Fonte: Jornal de Brasília - 07/04/2012 / Edson Sombra.

2 comentários:

  1. O DF está alcançando um alto indice intolerável, calamidade pública, cadê o governador Agnelo que diz ser aleado do gov. federal? Não faz nada, é um descaso total com a população do DF.

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  2. O DF está alcançando um alto indice intolerável, calamidade pública, cadê o governador Agnelo que diz ser aleado do gov. federal? Não faz nada, é um descaso total com a população do DF.

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