terça-feira, 26 de maio de 2015

Brasília-DF: Servidores acendem velas no Buriti contra "apagão de gestão" no GDF

Votação está marcada para esta terça (26/5), às 13h, e analisará se as leis que concederam aumento a todos os servidores do DF são inconstitucionais

Cerca de 50 servidores públicos se reúnem, na noite desta segunda-feira (25/5), em frente ao Palácio do Buriti, como uma prévia do protesto que ocorrerá na terça (25/5), após julgamento do TJDFT sobre a possível inconstitucionalidade nas leis de reajuste salarial concedidas à categoria. Cada um dos manifestantes tem nas mãos uma vela acesa, como crítica ao que chamam de "apagão da gestão" do atual governador Rodrigo Rollemberg.

A mobilização começou às 18h, logo após o fim do expediente dos servidores. Estão no local também integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e alguns ambulantes... O motivo do protesto é a votação da Comissão Especial do TJDFT, marcada para às 13h, contra as leis que concederam reajustes salariais a todos os servidores do DF.

Caso o TJDFT acate o pedido do Ministério Público e considere as leis inconstitucionais, o sindicato da categoria promete, além de pressionar o governo para que o aumento seja mantido, uma provável greve geral dos servidores.
Fonte: Por Matheus Teixeira , Gabriela Vinhal com foto de Daniel Ferreira/CB/D.A Press - 

No Paraná: Investigação que cita Richa dá origem a outros dois casos

Chefiadas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime), as três investigações se cruzam, misturando sexo e corrupção

Suspeito num esquema de corrupção no Paraná, um auditor fiscal levou os investigadores à descoberta de um outro crime: uma rede de servidores e empresários para exploração sexual de menores.

Em seguida, um dos envolvidos no novo caso acabou ajudando na apuração de uma fraude numa licitação de veículos oficiais, vencida por um homem que se apresentava como primo do governador Beto Richa (PSDB)...

Chefiadas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime), as três investigações se cruzam, misturando sexo, corrupção e pessoas muito próximas a Richa.

A Operação Publicano, a dos auditores, é a mais robusta. Os auditores, diz o Gaeco, escolhiam uma empresa para ser "trabalhada". Avisavam sobre dívidas tributárias e ameaçavam com multas altíssimas. Ofereciam, então, uma saída: propina. "Os que não aceitavam [pagar] recebiam retaliações. Quem aceitava não era autuado, ou recebia uma multa bem menor", afirma o promotor Jorge Barreto.

Os valores variavam conforme o porte da firma, podendo passar de R$ 300 mil. Há ao menos 62 envolvidos, entre auditores e empresários.

Um dos envolvidos, Luiz Antônio de Souza, deu início a outro caso. Grampeado, descobriu-se que ele também atuava numa rede de exploração sexual infantil. Ele foi preso em flagrante no motel com uma menina de 15 anos.

Nesse caso, que envolvia meninas de 13 a 17 anos, há 18 inquéritos concluídos e outros seis em curso. "São situações que envolvem pessoas consideradas acima de qualquer suspeita, conhecidas na cidade", diz o delegado Alan Flore. O caso corre em segredo.

CAMPANHA

Em delação, Souza disse que o esquema dos auditores abasteceu a campanha de Richa à reeleição com ao menos R$ 2 milhões. O tucano nega. Chama de calúnia as denúncias que envolvem seu nome.

Barreto, o promotor, diz que as investigações estão no início e que não é possível dizer se Richa sabia das fraudes.

Além de Souza, só a auditora Ana Paula Lima continua presa. Ela é mulher de Márcio de Albuquerque Lima, ex-companheiro de corrida de Richa e ex-chefe de fiscalização do fisco, citado como líder do esquema.

Também a partir da Publicano surgiu a Operação Voldemort, referência ao vilão dos livros de Harry Potter, cujo nome, amaldiçoado, não podia ser falado. O pivô é o empresário Luiz Abi Antoun, primo de Richa (o tucano diz que o parentesco é distante).

Ele é acusado de formar organização criminosa, de falsidade ideológica e de fraudar licitação. De acordo com a denúncia, o grupo desviou recursos ao obter ilegalmente contratos para a a manutenção de carros oficiais. Ninguém está preso.

Antoun, diz o Gaeco, montou uma firma de fachada e obteve uma contratação emergencial de R$ 1,5 milhão para o serviço. Oito pessoas foram indiciadas, entre elas o empresário Paulo Midauar, um dos envolvidos na Publicano.

O fotógrafo Marcelo Caramori, ex-assessor de Richa e que chegou a ser preso na operação de exploração sexual, afirmou que Antoun era o responsável pela arrecadação de dinheiro das campanhas de Richa. O governador e o PSDB negam.

OUTRO LADO

O advogado de Luiz Antônio de Souza, Eduardo Duarte Ferreira, disse que seu cliente não manteve relações sexuais com a garota de 15 anos: foi preso antes disso e, portanto, não houve crime.

Ele não quis falar sobre as acusações de envolvimento de Souza na rede de exploração sexual infantil, pois o caso está sob segredo de Justiça. Mas admite que o cliente fazia parte do esquema de fraude na Receita estadual.

O advogado de Luiz Abi Antoun, Antônio Carlos Mendes, disse que seu cliente não falará sobre as acusações envolvendo a Operação Voldemort.

O advogado do fotógrafo Marcelo Caramori, Leonardo Vianna, disse que seu cliente assumiu a responsabilidade em relação às denúncias de exploração sexual.

Os defensores de Márcio de Albuquerque Lima, de Ana Paula Lima, do empresário Paulo Midauar e do auditor José Luiz Favoreto Pereira não foram localizados.


Fonte: Por Lucas Reis e Estelita Hass Carazzai, coluna Poder/portal UOL - 26/05/2015

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Moradores desabafa na primeira roda de conversas, nas quadras e bairros de Luziânia.

Nesta sexta feira 22/05, o PTC – Partido Trabalhista Cristão, diretório municipal de Luziânia,  deu início  a um projeto ouvindo a comunidade, reunidos com moradores, lideranças e empresários no Distrito do Jardim Ingá,  tendo como  objetivo ouvir os problemas que os moradores convivem diariamente em seus bairros. Após ouvir todos os bairros do Jardim Ingá e Luziânia o PTC - Partido Trabalhista Cristão, irá elaborar um projeto em busca de melhorias a nossa população, a roda de conversa começou no Parque Estrela D’alva IX e se estenderá por toda a cidade, ouvindo os moradores. A próxima poderá ser na sua casa.

Entre em contato conosco pelo e-mail: ptcluziania@gmail.com

domingo, 24 de maio de 2015

Luziânia: Caravana do PTC desembarca no Jardim Marília.


Neste Domingo 24/05, o Distrito do Jardim Ingá, Luziânia-GO recebeu a Caravana do PTC, levando para as crianças, jovens e adultos, alegria e entretenimento a toda comunidade, atendendo solicitação das lideranças comunitárias, a Caravana do PTC, desembarcou no Jardim Marília na Associação dos Moradores.

Enquanto algumas crianças se divertiam, durante toda a manhã nos brinquedos infláveis, pula-pula, cama elástica, outras se deliciavam com algodão doce, sucos, refrigerantes e cachorro quente. Além de atender crianças e adolescentes, os adultos não ficaram de fora do evento, foram oferecidas a população local; Orientação Jurídica e atendimento a saúde. Segundo o idealizador da Caravana do PTC, Zé Maria, o evento no Jardim Marília foi um sucesso, graças a colaboração da comunidade e parceiros. “Agradeço a Deus por mais um evento, levando a alegria a grande parte de nossa comunidade, que Deus continue abençoando a equipe da Caravana, ainda temos muito a oferecer a nossa cidade”.

Presidente da Associação, Dona Geni
Para a presidente da Associação dos Moradores do Jardim Marília, dona Geni, a comunidade só tem a agradecer pela a iniciativa desta ação social e espera que voltem outras vezes atendendo nossas crianças.



OBRIGADO A TODOS DA CARAVANA DO PTC.






terça-feira, 19 de maio de 2015

No DF: Tráfico fecha colégio em Ceilândia

Grupo de traficantes vende drogas dentro do Centro de Ensino Fundamental 4, intimida funcionários e controla a entrada e a saída de pessoas na unidade. Situação se repete em outras duas escolas. Aulas ficarão suspensas até a PM garantir a segurança na unidade

O CEF 4 teve as portas fechadas ontem: traficantes vendem drogas dentro da unidade e escondem entorpecentes em carros parados nos arredores.

Traficantes tomaram conta de escolas públicas em Ceilândia Sul. Somente este ano, pelo menos três diretores sofreram ameaças de morte por denunciar a venda ilegal de entorpecentes nos arredores e dentro dos estabelecimentos de ensino. A maioria dos que traficam a droga e intimidam funcionários e estudantes têm menos de 18 anos. A situação mais grave é a do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 4, onde um grupo tomou conta da guarita do colégio e controla a entrada e a saída dos alunos. Por medo, a instituição fechou as portas ontem. Os problemas se repetem no CEF 33 e na Escola Classe 2...

Pais e professores decidiram que a escola permanecerá fechada até que a Polícia Militar garanta a permanência de homens do Batalhão Escolar no estabelecimento por, pelo menos, 30 dias. Na última sexta-feira, um adolescente entrou a cavalo no local para ameaçar de morte, pela segunda vez, um funcionário que teria acionado a polícia em outra ocasião. Os infratores pulam os muros da instituição e escondem drogas e armas no local, em buracos, bueiros, debaixo dos carros dos professores e nos telhados. Sem se identificar, docentes e membros da direção se dizem aterrorizados. “Começou do lado de fora, mas eles viram que a escola não tem porteiro ou segurança e tomaram conta da guarita. Se chamamos a polícia, não acontece nada, pois eles não estão carregando a arma ou a droga com eles”, contou uma professora.

Funcionários e pais também querem um serviço de segurança armada para proteger os estudantes. Alguns alunos, porém, usam drogas no interior da instituição e se envolvem com traficantes. “Foi assim que chegamos a esse ponto, de receber ameaças. Um desses rapazes invadiu a escola para cobrar a dívida de uma estudante. Quando chamamos a polícia e o colocamos para fora, ele disse que furaria os dois olhos de uma funcionária e colocaria o ‘ferro’ na boca dela. Posteriormente, ao receber uma intimação judicial, voltou a cavalo e informou que, se algo acontecesse a ele, se vingaria”, acrescentou um professor.

Um dos pais organizou um documento com 234 assinaturas pedindo segurança no local. O motorista Rilvan Santos, 56 anos, leva e busca o filho de 11 anos no CEF 4 diariamente. Ele entregou o abaixo-assinado na Regional de Ensino de Ceilândia, órgão da Secretaria de Educação responsável por todas as escolas da cidade. “Torcemos para que dê certo”, afirmou. A feirante Neusirene dos Santos, 44, se revolta. “Tenho que entrar de cabeça baixa e pedir licença para traficantes para deixar meu filho no colégio”, lamentou.

Falta de pessoal
O coordenador da Regional de Ensino, Marco Antônio de Souza, argumentou que faltam servidores para ocuparem as portarias. Segundo ele, a Secretaria de Educação vai realocar porteiros e pretende contratar uma empresa de segurança particular para o CEF 4. “Estudamos a contratação da empresa e também conversaremos com o Batalhão Escolar, para que eles mantenham uma equipe na escola por 30 dias. Nesse momento, nossa prioridade é o CEF 4, onde a situação está mais grave, mas queremos garantir o funcionamento normal das escolas o quanto antes”, argumentou.

Comandante do Batalhão Escolar da PM, o coronel Júlio César Lima de Oliveira disse que enviará um policial até o CEF 4 para averiguar a gravidade da situação. Ele contou que manteve uma equipe no CEF 33 nos últimos 25 dias e que poderá fazer o mesmo no outro estabelecimento. O coronel ressaltou que a corporação faz visitas constantes às escolas. “Não tivemos notícia dessa situação. Isso é novo. Temos feito operações e visitas preventivas”, garantiu.
Fonte: Por Luiz Calcagno com foto de Carlos Vieira/CB/D.A Press/Correio Braziliense - 19/05/2015 

Greve: Metroviários devem paralisar atividades até convocação de 232 aprovados em concurso

Estado de greve foi decretado em assembleia neste domingo

Em nota, o Metrô DF diz que tem se empenhado junto ao Comitê de Governança do DF para viabilizar as contratações.

Os metroviários do Metrô-DF (Companhia do Metropolitano do Distrito Federal) aprovaram neste domingo (17) o estado de greve com paralização a partir do dia 1º de junho, caso não haja a convocação, pelo GDF, dos 232 aprovados em concurso público. De acordo com o Sindmetrô-DF (Sindicato dos Trabalhadores Em Empresas de Transportes Metroviários do Distrito Federal), até o dia 31 de maio o Metrô-DF funcionará normalmente...

O Sindicato ainda indicou que, caso o GDF não convoque os aprovados em concurso, as condições da possível paralisação serão votadas em assembleia. Em nota, o Metrô DF diz que tem se empenhado junto ao Comitê de Governança do DF para viabilizar as contratações dos aprovados no concurso público, realizado em 2013, para 232 vagas e cadastro reserva.

O que impede as convocações, no entanto, é o limite prudencial definido pela Lei de Responsabilidade Fiscal impede que órgãos da administração direta e indireta dependentes de recursos do Tesouro do DF, que é o caso do Metrô-DF, por ser deficitário, façam novas contratações.
Fonte: Portal R7 com foto de Pedro Ventura/Agência Brasília - 19/05/2015 

sábado, 16 de maio de 2015

Governo planeja renegociar os pagamentos só depois de elevar a arrecadação

Rodrigo Rollemberg anuncia medidas para equilibrar as contas, mas desagrada. Além de não cumprir a promessa de mostrar um calendário de pagamentos de dívidas, vai resgatar os projetos de lei sobre correções da TLP e do ITBI
Rollemberg, ao lado do vice, Renato Santana: na opinião do governador, as dificuldades financeiras continuam
O novo pacote de medidas para tentar recuperar a saúde financeira do DF, anunciado ontem pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB), foi alvo de críticas de especialistas e de entidades da sociedade civil. As mudanças no sistema previdenciário de servidores do GDF, por exemplo, causaram preocupação entre os funcionários públicos. O presidente do sindicato da categoria, André Luiz da Conceição, antecipa a possibilidade de entrar com uma ação na Justiça contra a alteração para novos contratados. Boa parte das propostas, entretanto, precisa de aprovação da Câmara Legislativa, onde o governo sofreu sucessivas derrotas este ano. O fato de não ter apresentado um cronograma para o pagamento de dívidas de R$ 1,5 bilhão recebeu desaprovação de empresários. O governo planeja renegociar os pagamentos apenas depois que conseguir elevar a arrecadação.
Além disso, a intenção de aprovar um projeto de lei que permite ao governo dar às empresas as mesmas condições tributárias oferecidas por outros estados pode sofrer um revés jurídico, segundo o presidente da Comissão de Assuntos Tributários da Ordem dos Advogados do Brasil do DF (OAB-DF), Jacques Veloso. Ele recorda que todas as vezes que o Executivo local tentou adotar medida similar, o Ministério Público do DF (MPDFT) recorreu. “Goiás é extremamente agressivo na política de incentivos fiscais. O DF já tentou igualar essa disputa e chegou a criar o Tare (Termo de Acordo de Regime Espacial), mas o MPDFT foi para a Justiça. Qualquer nova ação certamente terá restrição”, prevê.O Executivo aproveitou a oportunidade para reapresentar medidas que havia proposto no Pacto Por Brasília, em fevereiro, e que não foram aprovadas pela Câmara Legislativa. O governo readequou os projetos de lei sobre a cobrança da Taxa de Limpeza Pública (TLP) — que estabelece descontos para quem tem terrenos até 130m² e aumentos progressivos para áreas maiores que essa metragem, que podem chegar a 924%. No caso do Imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), haverá a possibilidade de pagamento já na assinatura do contrato. Por fim, será mandado também a redução da alíquota do etanol de 25% para 19%. Além disso, o GDF anunciou o recuo em relação ao fim da isenção do IPVA para carros 0km.

A exemplo de Agnelo Queiroz (PT) que, no fim do mandato, tentou cobrir o rombo no cofre com a criação do Fundo Especial da Dívida Ativa (Fedat), Rollemberg também propôs a securitização da carteira de créditos. A medida, mais comum no mercado imobiliário, visa vender a terceiros parte da dívida ativa acumulada do Estado. Trata-se de uma antecipação de recebíveis. Um exemplo é a hipótese de R$ 1 bilhão em carteira de créditos com índice de recuperação possível. Nesse caso, um banco compraria um crédito maior por um valor mais baixo e assumiria o risco da inadimplência pela operação. Veloso classifica a ação como polêmica.

Fonte: Correio Web.



Política: A cara do Brasil

De como os atuais congressistas melhor espelham comportamentos e demandas dos seus representados

Diante de um governo fragilizado por forte crise decorrente da soma de conflitos políticos e de problemas econômicos, o Congresso Brasileiro, cuja regra é o vício e a exceção é a virtude, aproxima mais claramente hoje a identidade entre os eleitores e os eleitos. A semelhança vai muito além da coincidência. Não há nada de novo nessa situação, mas pela primeira vez é possível perceber com mais nitidez a cara do Brasil refletida em um Senado capitaneado pelo alagoano Renan Calheiros e uma Câmara, pelo deputado fluminense Eduardo Cunha. É tamanha a semelhança entre representantes e representados que o resultado faz lembrar o trabalho de criação de bons escultores em mármore de Carrara...

A hipocrisia reinante regalou-se com a costura feita pelo governo, via fisiologismo, para consolidar o apoio dos deputados à primeira aprovação de uma Medida Provisória no contexto do ajuste fiscal. Uma vitória política de Dilma. 

Parece, entretanto, que nunca antes governo algum usou esse sistema de troca para evitar dissidências na base político-partidária. Fisiologismo e corporativismo são moedas antigas, condenáveis, em circulação no mercado político. 

Sempre foi assim. No Império, as comendas; na República, as prebendas. Está nos anais da história mais recente ou, pelo menos nos arquivos deste colunista, um exemplo sintomático disso. Em 2002, no correr de uma entrevista ao extinto Jornal do Brasil impresso, o diplomata Paulo Tarso Flecha de Lima, iniciado nas negociações entre Executivo e Legislativo no gabinete de Juscelino Kubitschek, contou que a resistência dos parlamentares durava até serem chamados para uma conversa no Catete. O presidente dizia: “Do que vocês precisam?” 

E assim tudo se resolvia. Os aliados não se encantavam somente com o histórico sorriso do Nono, apelido do amável JK. 

Naquele tempo, “anos dourados” para quem tinha o convite da festa, o Congresso girava, em geral, em torno de uma elite mais escolarizada do que rica. O pulso das duas casas podia ser medido por alguns líderes e políticos mais destacados, ambos eleitos pelos coronéis rurais. 

Senado e Câmara eram, então, resquícios do portentoso Parlamento do Segundo Reinado, inspirado no parlamentarismo britânico. Prevalecia, no ocaso do Império, a política dos barões assinalados. Os candidatos faziam curta peregrinação entre os eleitores, um jogo de cena, porque tinham garantidos os votos controlados por eficientes cabos eleitorais. 

Onde está o maior erro dessa história até então? Está na composição qualificada e na representação falsa.

O deslocamento maciço de pessoas do interior para as grandes cidades provocou mudanças fortes no processo eleitoral. Os coronéis rurais perderam força. Praticamente desapareceram. O dinheiro passou a ser o senhor das votações. A televisão tornou-se um instrumento fundamental e decretou o fim dos palanques. Houve um encarecimento monumental nos custos das campanhas.

Diante disso, o controle de postos privilegiados nas administrações públicas passou a ser o gerador de disputa e de recursos para os partidos. A representação de hoje é menos qualificada. É, porém, mais representativa.
Fonte: Por Mauricio Dias, revista CartaCapital com foto de Marcelo Camargo/ABr

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Luziânia: O Prefeito Cristóvão Tormin sofre mais uma derrota na base de apoio.

Edna deixa governo para ser candidata a prefeita


O prefeito de Luziânia Cristóvão Tormin perdeu mais um importante apoio.  A vereadora Professora Edna deixou a secretaria de Governo e retornou à Câmara Municipal garantindo que é pré-candidata a prefeita. Ela ressalta que o Solidariedade, seu partido, terá candidatura nas principais cidades de Goiás. No parlamento local Edna Santos diz que tem postura independente. 

Em entrevista ao Entorno Sul, a luzianense comentou sobre as condições de trabalho disponibilizado pelo prefeito. “A secretaria de Governo não é um órgão executor, além disso, senti falta de estar mais próxima da comunidade”, observa ela, que é moradora do Distrito do Jardim do Ingá. Edna faz questão de afirmar que “deixou o governo sem nenhuma mágoa.”

No seu retorno a Câmara de Vereadores Edna aproveitou para fazer uma homenagem a um antigo morador do Ingá, que nos últimos meses vinha lutando contra um câncer. Se depender da parlamentar, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Distrito se chamará Miguel Antônio Mansur. Ela ainda cobrou à construção de novas escolas de educação infantil e o calçamento próximo as unidades existentes.  Segundo ela, para ajudar na locomoção de pessoas com deficiência. 

História 
Edna Aparecida dos Santos é uma mulher com um histórico dedicado as causas sociais, a educação e ao Distrito do Ingá, onde mora há mais de 40 anos. Ela foi a primeira mulher da região eleita para a Câmara de Vereadores e também a ser secretária de Estado, do Governo de Goiás.

Na Câmara de Vereadores é um dos principais destaques. Sua atuação tem beneficiado todos os bairros do município, inclusive a Zona Rural. Há décadas a política lidera a realização de ações sociais, através dos mutirões da saúde e cidadania.

Da redação em 13/05/2015 às 06:54 – Texto: André Teixeira

Lava Jato: Empreiteira diz à Justiça que não vai entregar contratos com Dirceu

A resposta da empreiteira, em que ela se recusa a entregar toda a documentação, é datada de 11 de maio

A OAS, sob suspeita de ter feito parte do cartel de empreiteiras que assumiu o controle de contratos bilionários na Petrobras, decidiu não mais entregar à Justiça Federal cópias de contratos firmados com a JD Assessoria e Consultoria, empresa do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil no governo Lula). Por meio de seus advogados, a OAS argumentou que irá repassar os documentos sob condição - que o juiz Sérgio Moro, condutor das ações criminais da Operação Lava Jato, não volte a decretar 'medidas pessoais injustas em desfavor de terceiros', no caso, os executivos da empreiteira...

Segundo a OAS, "em atitude pretérita" o magistrado decretou 'injustamente' a prisão de seus dirigentes. A petição ao juiz é subscrita pelos criminalistas Roberto Lopes Telhada, Jacinto Nelson de Miranda Coutinho e Edward Rocha de Carvalho, constituídos pela OAS. Eles destacam que "a empresa se reserva o direito de não apresentar os papéis, resguardado, sempre, o respeito que se devota ao Poder Judiciário e eventual garantia de vossa excelência no sentido de que tais atitudes pretéritas em desfavor de terceiros não se repitam e a apresentação não acarrete medidas cautelares pessoais injustas".

A JD Assessoria e Consultoria, controlada pelo ex-ministro e um irmão dele, firmou contratos com algumas empreiteiras que supostamente integraram o cartel. A força tarefa da Operação Lava Jato suspeita que os contratos tenham sido usados para 'disfarçar' pagamentos de propinas a políticos, inclusive para o próprio José Dirceu.

No dia 24 de março, o juiz Moro havia mandado intimar a OAS a prestar esclarecimentos sobre os contratos da JD Consultoria com a empreiteira. "O resultado da quebra apontou o pagamento de expressivos valores à empresa JD pela OAS ou por suas empresas subsidiárias ou ligadas, conforme exemplifica o Ministério Público Federal" anotou Moro, em parecer. "Eventuais questões relativas ao direito ao silêncio, não da empresa evidentemente, deverão ser trazidas ao Juízo."

O prazo inicial para a OAS prestar os esclarecimentos era de 10 dias. Em 16 de abril, o juiz deu 5 dias adicionais. A resposta da empreiteira, em que ela se recusa a entregar toda a documentação, é datada de 11 de maio. 

A assessoria de José Dirceu informou que "não cabe ao ex-ministro comentar a decisão da OAS porque a empresa tem o seu argumento". A JD Assessoria e Consultoria reafirmou que "o contrato não teve vínculo com a Petrobras e tinha o propósito de prospectar negócios no exterior".
Fonte: Estadão Conteúdo - 13/05/2015

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Financial Times": Economia fraca e corrupção afastam investidores do Brasil

Em especial, jornal britânico fez uma análise da economia brasileira

O jornal britânico Financial Times (FT) publicou, nesta terça-feira (12), um conjunto de reportagens especiais analisando a situação política e econômica do Brasil. O jornal lembra dos recentes escândalos de corrupção, dos problemas econômicos que ameaçam a prosperidade da classe média e de como essa receita ameaça a estabilidade do governo da presidente Dilma Rousseff. O Estado de S. Paulo lembra que, no mesmo dia em que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, chega a Londres para uma reunião com investidores, o FT destaca que, se o Brasil não voltar a crescer, seu grau de investimento deve cair...

O especial do FT conta com seis reportagens e um artigo escrito por Fernando Meirelles, ex-presidente do Banco Central. Segundo o jornal, os problemas econômicos e a corrupção tiveram reflexos severos na popularidade do governo Dilma Rousseff: “Em 2013, dois anos depois de assumir o governo, a presidente Dilma Rousseff estava entre os presidentes mais populares do mundo. Na época, 65% dos brasileiros achavam que ela fazia um trabalho bom ou excelente. Em março deste ano, no entanto, a situação era inversa, com 62% brasileiros achando que ela faz um trabalho ruim ou péssimo”.

Para o jornal, frente a isso, o governo reagiu: “Depois de afastar investidores com uma combinação tóxica de políticas pouco convencionais, intervenção estatal e um modelo econômico populista, a presidente Dilma Rousseff finalmente começou a fazer as pazes com o mercado”. As medidas tomadas, com a nomeação de Levy, foram custosas para a administração petista: de acordo com o jornal, a reeleição de Dilma se amparou em um discurso “anticapitalista”, e o corte de gastos implementados contraria esse discurso.

Mas o jornal faz elogios a Levy, tido como um economista confiável, “treinado pela Universidade de Chicago”. De acordo com o FT, investidores de longo prazo reagiram de maneira positiva à nomeação de Levy, mas aguardam novas definições da política econômica.

O jornal também destaca a dependência brasileira a exportação de commodities, como minerais e soja. Segundo o FT, desde o primeiro governo Lula, a exportação de commodities cresceu 29%, ocupando 49% da pauta de exportações. Por anos, a valorização desses artigos garantiu recursos que foram reinvestidos em programas sociais. Ao longo dos últimos anos, a demanda internacional por esses artigos, sobretudo por parte dos chineses, diminuiu, e os preços caíram. O jornal lembra que, para muitos, o importante, agora, é diversificar as exportações. Mas também destaca que podemos aproveitar a vantagem competitiva no setor de produção de carnes – o Brasil é o maior produtor de carne em todo mundo, uma vantagem em um contexto em que cresce a demanda por dietas ricas em proteína e refeições prontas.
Fonte: Revista Época - 12/05/2015

No DF: Briga de tucanos

PSDB-DF caminha para uma intervenção

Depois de propagar a unidade em torno de candidatura única no PSDB, tucanos agora abriram uma guerra na disputa pelo comando do partido. Sem consenso, três políticos se apresentam para a eleição no próximo domingo: o deputado distrital Raimundo Ribeiro, o deputado federal Izalci Lucas e Márcio Machado, que já presidiu o partido. Machado e um grupo de integrantes da legenda, entre os quais o fundador Geraldo Campos, vão dar entrada hoje num pedido de intervenção nacional na executiva provisória, para solicitar o afastamento de membros da comissão eleitoral e da atual presidente, a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia, por falta de isenção...

O argumento é de que o grupo de Ribeiro tem cargos no Legislativo ou no Executivo, por indicação dele, e atendem aos interesses dele. No documento, os integrantes do partido afirmam que Ribeiro está trocando filiações no PSDB por cargos no governo Rollemberg. Com a guerra, o PSDB-DF caminha para uma intervenção.
Fonte: Por Ana Maria Campos, Correio Braziliense - 12/05/2015 

terça-feira, 12 de maio de 2015

Dona Weslian: Assalto no Bandeirante

VÍTIMA
Imagem da internet
O carro da ex-primeira-dama Weslian Roriz foi roubado hoje (12) pela manhã, no Núcleo Bandeirante. Os bandidos renderam o motorista, na porta da igreja São João Bosco, enquanto Dona Weslian assistia à missa. Muito assustada com o que aconteceu, a ex-primeira-dama foi levada para casa por parentes.

Fonte: celsonbianchi.com.br

Sociedade: Educação na paulada

Em vez de ouvidos, professores em greve são agredidos e intimidados

Há seis anos, Marcio de Almeida Ramos deixou o Rio de Janeiro para viver em Colombo, região metropolitana de Curitiba. Como lembrança das origens, tatuou no braço direito a figura do Cristo Redentor. Por causa desse desenho, sua família o reconheceu entre as mais de 200 vítimas da Polícia Militar do Paraná ao vê-lo, pelas redes sociais, ser transportado numa maca pelos corredores da prefeitura de Curitiba, convertida em Pronto Socorro improvisado. Ramos é professor de Geografia e no dia 29 de abril participava das manifestações contra o governador tucano Beto Richa. Uma bomba atingiu uma perna e marcas dos estilhaços ainda são visíveis em seu rosto. Do incidente lembra-se apenas dos efeitos do gás lacrimogêneo. “Só após ser atendido comecei a entender o que ocorreu”...

Na terça-feira 5, o professor era mais um entre os cerca de 20 mil servidores que marcharam pelas ruas da capital paranaense para depositar flores nas grades da Assembleia Legislativa. “Tenho 73 anos e fiz questão de vir hoje aqui”, diz a aposentada Catarina Araújo, que assistiu da janela de casa as cenas de truculência da semana anterior. Desta vez, os policiais se mantiveram afastados. Não houve tumulto. Horas depois, em assembleia realizada no estádio de Vila Capanema, 8 mil docentes da rede estadual decidiram manter a paralisação iniciada em 25 de abril. Os grevistas aguardam uma nova rodada de negociações com o governo para discutir a data-base. Pedem um reajuste de 8,4%, baseado no IPCA dos últimos 12 meses. O estado oferece 5,4%.

Para Walkíria Olegário Mazeto, secretária educacional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná, o conflito foi apenas o desfecho de um longo processo de sucateamento da educação pública estadual. A começar pela escolha do secretário, o engenheiro Fernando Xavier Ferreira. “Ele não tem a menor experiência e conhecimento do que seja educação pública. Seu raciocínio é linear, financeiro e os resultados se resumem ao custo-benefício” avalia. Executivo com passagens por diversas empresas de telefonia, ele ajudou a formatar a privatização das teles a convite de Sergio Motta, ex-ministro das Comunicações de Fernando Henrique Cardoso.

Entre as medidas adotadas pelo então secretário está o encerramento de 2,2 mil turmas, notadamente nas áreas rurais, o que superlotou as salas de aula. Ferreira decretou ainda o fim dos projetos de contraturno escolar e de atividades curriculares complementares para manter os alunos mais tempo na escola, além de dispensar cerca de 33 mil servidores temporários, entre professores, pedagogos, auxiliares de serviços e técnicos administrativos. “Foi um caos. Simplesmente não havia funcionários suficientes para cuidar do dia a dia nas escolas”, diz Mazeto.

Todo esse quadro já sinalizava que, em algum momento, os educadores seriam obrigados a entrar em greve para forçar uma negociação. Esse momento chegou em fevereiro, quando Richa encaminhou um pacote de maldades à Assembleia Legislativa, com a subtração de uma série de direitos inclusos no plano de cargos e salários dos professores, a exemplo do “quinquênio”, adicional incorporado a cada cinco anos de trabalho. No mesmo pacote, propôs a transferência de cerca de 8,5 bilhões de reais da Previdência estadual para o caixa do governo. Manifestantes ocuparam a Assembleia por quase uma semana. Diante da pressão, o tucano retirou os projetos e anunciou a recontratação de 20 mil temporários. Mas, em abril, voltou a insistir nas mudanças do sistema previdenciário. Ao som das bombas da PM, os deputados aprovaram o projeto por 31 votos a 21.

Em solidariedade, professores da rede pública de 16 estados cruzaram os braços em 30 de abril, às vésperas do Dia do Trabalhador. “Não se pode bater em quem educa nossos filhos”, criticou o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro. Até mesmo o presidente do PSDB no Paraná, Valdir Rossoni, usou as redes sociais para condenar os excessos da ação policial. Segundo ele, Richa deveria tomar medidas para restabelecer “a tranquilidade do povo paranaense. A começar pelos responsáveis pelas atitudes desmedidas, pelos desmandos, pelos exageros. Que sejam exonerados ou que peçam para sair”.

Alvo do fogo amigo, Francischini, conhecido como “Batman do Paraná” e presença frequente em telejornais vespertinos de arma na cintura, tentou transferir a responsabilidade para a PM. Na terça-feira 5, em entrevista coletiva, disse não ter conhecimento sobre o que ocorreria na praça Nossa Senhora da Salette, palco das lamentáveis cenas de truculência. “O controle de uma operação de campo é da polícia. A secretaria é responsável por fazer a gestão da pasta”, afirmou na ocasião.

A reação não tardou. Na quarta-feira 6, em carta assinada por 16 dos 19 coronéis da PM, Cesar Vinícius Kogut, comandante-geral da tropa, disse que o secretário foi alertado “inúmeras vezes” sobre os possíveis desdobramentos da ação. No dia seguinte, o coronel pediu exoneração, por "dificuldades intransponíveis" com o comando da Segurança no Estado. Na sexta-feira 8, seria a vez de Francischini entregar sua carta de demissão, repetindo o gesto feito dias antes pelo secretário de Educação.

Parados desde 13 de março, os professores não receberam propostas do governo de São PauloAlém do Paraná, as greves persistem nas redes estaduais de ensino de São Paulo, Santa Catarina e Pará. Em Pernambuco, acuados por pesadas multas impostas pela Justiça, os educadores suspenderam temporariamente a paralisação após 24 dias. A pausa servirá para retomar as negociações. Uma nova assembleia para decidir os rumos do movimento está agendada para o próximo 21 de abril. “Vários governos só ofereceram reajustes para quem está no início da carreira, uma forma deturpada de cumprir a Lei do Piso”, observa Marta Vanelli, secretária-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.

Instituído por lei federal, o piso nacional para uma jornada de 40 horas foi reajustado neste ano para 1.917 reais, alta de 13,01%. Pernambuco concordou em oferecer esse porcentual apenas para os docentes com ensino médio, cerca de 10% de um total de 49 mil professores da rede. Profissionais com licenciatura plena e 10 anos de serviço teriam direito a 0,89%. Os demais não receberam qualquer oferta. “Destruíram a nossa carreira. Logo mais, todos os professores, independentemente do tempo de casa, estarão nivelados piso”, queixa-se Marinalva Lourenço, secretária-geral do sindicato estadual.

Em Santa Catarina, os professores também reivindicam um reajuste de 13,01% para toda a categoria, e não apenas para quem está abaixo do piso nacional. “Da forma como está, um recém-contratado e um professor com 9 anos de experiência recebe o mesmo salário-base”, lamenta Luiz Carlos Vieira, presidente do sindicato estadual dos educadores.

O secretário de Educação, Eduardo Deschamps, alega ser impossível estender o reajuste de dois dígitos sem comprometer as finanças catarinenses. “O valor do piso cresceu 76% nos últimos quatro anos, muito acima da inflação ou da valorização do salário mínimo. Nesse mesmo período, os recursos do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) aumentaram apenas 36%”, diz Deschamps, que também preside o Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed). “Na realidade, o critério usado para o reajuste do piso é insustentável a longo prazo. Ou mudamos a forma de calculá-lo ou precisaremos criar novas formas de financiamento, talvez com alguma ajuda da União.”

Segundo o Plano Nacional de Educação, o Brasil tem até 2020 para equipar os rendimentos dos professores com a média dos demais profissionais com ensino superior. A meta parece, porém, um sonho distante. “A Lei do Piso melhorou os salários iniciais, mas identificamos uma tendência de achatamento ao longo da carreira”, lamenta Maria Dilnéia Espíndola Fernandes, professora da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e coordenadora de uma pesquisa nacional sobre a remuneração docente, cujos resultados serão apresentados em 2016.

Pioneira, a Apeoesp, sindicato dos professores paulistas, passou a cobrar do governo a equiparação dos salários dos docentes com a média dos servidores de São Paulo com ensino superior. Pelos cálculos da entidade, seria necessário um aumento real de 75% nos próximos cinco anos para alcançar a meta. “É evidente que não esperamos receber isso de uma só vez. Mas exigimos que o governo apresente um plano”, diz a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha.

O debate permanece, porém, interditado. Parados desde 13 de março, os grevistas só foram recebidos em duas audiências. Não ouviram propostas. O governador Geraldo Alckmin, do PSDB, esquiva-se da discussão com o argumento da crise, que ameaça a arrecadação no estado. Na tentativa de sufocar o movimento, o governo cortou o ponto dos grevistas. Eles também estão proibidos de entrar nas escolas para conversar com os colegas que não aderiram à paralisação, denuncia Noronha. “Tentam nos asfixiar de todas as formas possíveis, não é só o gás lacrimogêneo que usam contra nós.”

Ranking da OCDENos rankings internacionais, o professor brasileiro figura entre os menos valorizados. Segundo o relatório Education at a Glance 2014, da Organização para a Cooperação Desenvolvimento Econômico, o Brasil paga 10.375 dólares por ano a um docente em início de carreira nas escolas públicas de ensino fundamental. É um terço do valor médio nas nações desenvolvidas da OCDE. Até mesmo países latino-americanos, como Chile e México, pagam bem mais: 17.770 e 15.556 dólares por ano, respectivamente.

A desvalorização dificulta a atração de profissionais qualificados para a carreira docente. Segundo o Censo Escolar de 2013, um quarto dos mais de 2 milhões de professores da educação básica não possui diploma de ensino superior. Nos anos finais do ensino fundamental, apenas 32,8% têm licenciatura na área em que atuam. No ensino médio, o porcentual é de 48,3%. “Hoje, temos um enorme déficit de professores de matemática e física, por exemplo. Os egressos das universidades preferem exercer outras atividades na iniciativa privada ou mesmo no setor público”, diz Fernandes. “Diante de tanto desprestígio, não é uma escolha difícil de entender.”
Fonte: Por René Ruschel e Rodrigo Martins, revista CartaCapital - 12/05/2015