quarta-feira, 6 de maio de 2015

Moradores do Varjão querem volta de horário para fechamento de bares

Medida foi adotada em 2011; região ficou um ano sem registrar homicídios. 
Eles também pedem construção de pista de saída na região administrativa.
Entrada do Varjão, região administrativa que completa 25 anos nesta quarta-feira (Foto: Vinícius Werneck/TV Globo)
Quase três anos depois do fim da campanha de horário para fechamento de bares no Varjão, no Distrito Federal, moradores da região administrativa que celebra 25 anos nesta quarta-feira (6) pedem que a iniciativa volte a ser um costume dos estabelecimentos locais. Em 2011, após o Varjão apresentar alto índice de criminalidade e homicídios, bares fechavam de segunda a quinta-feira à meia noite e aos finais de semana à 1h.

Segundo a delegada-chefe da 9ª DP, Nélia Vieira, a região ficou um ano e três meses sem registrar homicídios. "O Varjão tem muitos bares, nada lá tem alvará, os bares, eu sempre defendo que tem que ter horário de funcionamento, as pessoas bebem menos, vão para casa mais cedo e tem menos Lei Maria da Penha", disse.
"Temos um controle muito grande sobre o Varjão, a região evoluiu muito, melhorou muito." De acordo com Nélia, neste ano nenhum homicídio foi registrado na região, somente uma tentativa de assassinato.
Para o presidente do Conselho Comunitário do Varjão, Lúcio Ferreira da Silva, a iniciativa apresentou reflexos consideráveis na sensação de segurança na região. "Bares abertos até muito tarde com o consumo excessivo de álcool e drogas, lógico que a violência aumenta", afirma. "É importante que feche mais cedo sim, as pessoas não sabem aproveitar, às vezes tem pouco lazer e quando tem as pessoas querem usar para droga e bebida."

É uma simples ação que muda a convivência das pessoas. Se fizer isso em outras cidades tenho certeza que vai dar certo. O dia a dia é tranquilo, hoje está mais tranquilo, diminuíram assaltos no meio do dia, aos comércios."
José Maria dos Santos
presidente da Associação dos Moradores

O presidente da Associação dos Moradores do Varjão, José Maria dos Santos, conta que uma reunião foi marcada com a diretoria da associação para a elaboração de um documento a ser enviado à administração regional solicitando a volta da iniciativa.
"É uma simples ação que muda a convivência das pessoas. Se fizer isso em outras cidades tenho certeza que vai dar certo. O dia a dia é tranquilo, hoje está mais tranquilo, diminuíram assaltos no meio do dia, aos comércios", afirmou.

O comandante em exercício do 24º BPM, Major Rubinaldo Marques da Silva, considera que a volta de limitação de horário de funcionamento de bares só trará benefícios à região. "A gente solicita inclusive que a administração faça uma publicação com a limitação do horário para que a gente possa apoiar. Essa medida está diretamente relacionada com a diminuição da criminalidade", afirmou.
Ele destaca que a maioria dos estabelecimentos não tem alvará de funcionamento. "A PM não tem direito do ato administrativo, não podemos fechar o bar de alguém porque não pertence a nós o direito, é uma questão da fiscalização e da admimninstração de colocar um horário de funcionamento."
 
Casas, ruas, quadras de esporte da região administrativa do Varjão (Foto: Vinícius Werneck/TV Globo)
O comandante afirmou que a violência no Varjão está controlada. "Temos policiamento a pé, viaturas escaladas dia e noite e de apoio para reforçar o policiamento e a gente tem feito também outros trabalhos na região", disse. "Recentemente fizemos distribuição de ovos de Páscoa como uma forma de integração e aproximação com a comunidade. Estamos fazendo um trabalho de orientação do policiamento para melhorar a polícia comunitária, a comunidade tem mais acesso, mais contato com a gente e serve de mediador com outros órgãos públicos."
Para a delegada, a grande preocupação da Polícia Civil na região é sobre a atuação de adolescentes em furtos de veículos na área. "A gente apreende, eles vão para a DCA e depois são soltos, daí volta a ter furto", disse. "A gente fica muito triste porque eles não têm muita opção e os pais começam a desistir dos filhos."

Balanço divulgado pela Secretaria de Segurança Pública em março deste ano aponta que houve registro de 8 casos de furto de veículos na região contra nenhum caso registrado no mesmo mês no ano passado. Furto em residência e em comércio também apresentaram alta. Foram 5 furtos em residência em março deste ano contra 2 no mesmo mês de 2014 e 3 furtos em comércio no terceiro mês deste ano contra nenhum no do ano passado.
 
Balanço divulgado pela Secretaria de Segurança com índices de criminalidade no Varjão (Foto: Reprodução)

Segundo Nélia, foram 21 registros envolvendo adolescentes em furtos de veículos somente neste ano. Sobre o tráfico de drogas, ela afirmou que a Polícia Civil em conjunto com a Polícia Militar faz ações constantes para combater o uso de entorpecentes.
"Temos uma família que está todo mundo preso por tráfico. A gente tem feito muitas ações e conseguimos que os homicídios vinculados a isso diminuíssem", declarou a delegada.
Pista de saída
Lúcio Silva afirmou que os moradores do Varjão lutam pela criação de uma pista de duplicação na região administrativa. "Queremos uma pista de saída. Para concluir só falta a ligação da quadra 4 com a 2, questão de 50 metros de pista ou menos", disse.
 
Rua do Varjão traz casas com pouca infraestrutura
(Foto: Vinícius Werneck/TV Globo)
De acordo com o presidente do conselho comunitário, a região apresenta alto índice de atropelamento na via principal. "Tem fluxo grande de veículos e pessoas, foi assinada uma ordem de serviço do governo anterior, mas até agora nada, com isso as famílias vem pagando preço alto com a vida", disse.
A Administração Regional do Varjão informou que foi feita solicitação junto à Secretaria de Estado de Infraestrutura e Serviços Públicos para verificar a viabilidade da obra. A pasta informou que, de acordo com a Subsecretaria de Atendimento às Cidades, para a execução da obra é necessária a definição da área por onde a ligação deve ser feita, a eliminação de pequenas interferências registradas no local e a aprovação ambiental para a construção do trecho.

Segundo a secretaria, há no local a passagem de um leito seco, que serve como escoadouro de águas pluviais. "Com a construção da ligação da via entre as Quadras 2 e 4, serão colocadas manilhas capazes de suportar o volume  das chuvas, complementando o projeto da via de saída do Varjão", disse a pasta.

"A obra é considerada de pequeno porte, sem a necessidade de realização de licitação, com a execução prevista pela equipe de obras diretas da Novacap, mas ainda sem data prevista para início", informou.

Processo de regularização
O administrador do Varjão, Marcos Woortmann, disse que a região está em processo de regularização. O Varjão atualmente possui água encanada, estrutura sanitária e águas pluviais, mas ainda existem casas sem banheiro, por exemplo.

Criança passando pela rua do Varjão
(Foto: Vinícius Werneck/TV Globo)
"Hoje existem parâmetros nos quais os moradores podem se adequar e buscar alvará e habite-se", afirma. "Existem construções sendo levantadas, e isso tem impacto direto sobre a população e a dinâmica da vida. São pequenos prédios de até 3 andares e isso causa um impacto populacional no Varjão."
Segundo ele, em seis anos, a população local aumentou cerca de 40%.
Para o administrador, a principal preocupação é com relação a investimentos sociais. Ele conta que os índices de escolaridade e desemprego no Varjão são os piores da capital federal.
"Se a gente tratar sobre escolaridade, estamos falando de 51,47% da população que tem primeiro grau incompleto ou são analfabetos", disse. "Precisa ser feito investimentos sociais para trazer perspectiva, visão de futuro e a pessoa ver que pode evoluir. Temos feito um trabalho forte junto à Secretaria de Trabalho e a regional de ensino."

Fonte:  Isabella Calzolari Do G1 DF


Nenhum comentário:

Postar um comentário