segunda-feira, 29 de abril de 2013

FAMÍLIA FAZ MANOBRA EM LICITAÇÃO DE R$ 8 BILHÕES NO DF

Pela primeira vez serviço de transporte em Brasília é licitado (Lula Marques/Folhapress)

Uma ação na Justiça do Distrito Federal questiona uma manobra da família Constantino, dona da Gol Linhas Aéreas, para controlar quase a metade do transporte público de Brasília – um negócio que está pela primeira vez em licitação e que deve render 8 bilhões de reais em dez anos. Embora uma lei distrital proíba que um mesmo grupo econômico explore mais de 25% da frota de ônibus da cidade, as empresas administradas pelos herdeiros do patriarca Nenê Constantino já asseguraram 24% e estão no páreo para abocanhar mais 16%.
A situação suscitou questionamento no Tribunal de Justiça do DF (TJ-DF), que avalia pedido de um dos consórcios concorrentes para anular todo o processo, em curso desde o ano passado. Para o governo de Agnelo Queiroz (PT), apesar da provável concentração do serviço nas mãos da família, não há irregularidade. Há décadas fatiado pelos Constantino e outros dois grupos, que vinham operando sem contrato, os ônibus do DF serão divididos agora em cinco lotes ou “bacias de transporte”, desenhados conforme a região atendida. A briga pelo maior deles, com 640 veículos, foi vencida pela Viação Pioneira, registrada em nome de duas filhas de Nenê, Auristela e Cristiane.
Pela regra do edital, não podem concorrer no mesmo lote ou em lotes distintos empresas que tenham controle societário ou administradores comuns. Diante disso, os Constantino inscreveram na disputa por outro lote, com 417 ônibus, a Viação Piracicabana, com sede em Piracicaba (SP). Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a empresa tinha como sócios e administradores outros quatro filhos de Nenê – Henrique, Ricardo, Joaquim e Constantino Júnior –, que se retiraram do comando dos negócios um mês após o lançamento do edital. No lugar deles, foi nomeado um grupo de funcionários. A família continua, contudo, acionista da Comporte Participações, holding que controla a Piracicabana e outras firmas.
A disputa por quatro dos cinco lotes já está definida. Se ficarem com o último, os Constantino serão hegemônicos no controle dos ônibus da capital federal. Outros barões do transporte em Brasília, como o empresário Wagner Canhedo, dono da extinta Vasp, já estão de fora, ao menos oficialmente. A família Amaral, do ex-senador Valmir Amaral, concorre indiretamente com os donos da Gol, por meio do Consórcio Metropolitano, para ficar com a fatia restante do serviço. Uma das empresas do grupo pertence à ex-mulher do parlamentar.

Veja.com / (Com Estadão Conteúdo)

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