quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Emendas deixadas de lado enfurecem os deputados

Caso mais recente é o de Joe Valle, revoltado porque a Secretaria da Educação não construiu quadras

A polêmica em volta das emendas parlamentares chegou até as redes sociais. O deputado distrital Joe Valle (PSB) publicou na internet um desabafo indignado sobre a falta de execução de emendas de sua autoria para a construção de quadras cobertas em áreas rurais. Sem meias palavras, o parlamentar apontou falhas na  gestão na Secretaria de Educação como principais causas da não-realização dos investimentos.

“Pelo segundo ano consecutivo a Secretaria de Educação do DF não executa as minhas emendas. Como isso pode acontecer? Centenas de jovens da área rural deixam de ser beneficiados com as quadras cobertas, por exemplo. Compromissos assumidos com a comunidade que não poderão ser cumpridos pela falta de gestão da Secretaria”, escreveu o parlamentar.

Segundo Joe Valle,  “perdem os alunos, os professores e toda comunidade”. O texto de Joe engatilhou uma série de comentários entre internautas. “É inadmissível que isso aconteça. As emendas estão na SEDF e a falta de gestão emperra todos os processos. A comunidade não pode pagar esse ônus”, criticou o distrital. ...

Independente

No fim do ano passado, o PSB deixou a base do governo Agnelo e desde então Joe Valle alegou que adotaria uma postura independente em relação ao Palácio do Buriti. A reportagem tentou entrar em contato com o distrital, mas as ligações não foram atendidas.

A falta de  execução de emendas por parte do Executivo é uma reclamação comum entre os distritais, em todas as áreas da administração pública.

“Isso que o Joe falou é a mais pura verdade. O governo deveria ser obrigado a executar as emendas. É claro que também deveria seguir critérios rigorosos para isso”, comentou o deputado Wellington Luiz (PPL). A disputa entre parlamentares e administradores regionais também pesa. Segundo Wellington, se a emenda não partir da base política do administrador, barreiras podem ser impostas. A deputada Eliana Pedrosa (PSD) também critica. “O governo escolhe quem deve ter prioridade na execução das emendas. E não deveria ser assim”, ponderou.

A subsecretária de logística da pasta da Educação, Reuza Durço, afirmou que as emendas de Joe Valle para quadras cobertas estão em fase de licitação e serão concretizadas, mas não fixou datas para isso. De acordo com a subsecretária, a demora da execução se deve ao problema de falta de pessoal dentro da secretaria. Para atender toda a rede de Educação, a pasta conta com apenas 12 engenheiros, dez arquitetos do quadro e mais três profissionais cedidos pela Casa Civil. “A carência de mão de obra é generalizada. Esse problema também existe na secretaria de Obras e na Novacap”, revelou. Segundo Reuza, diante do déficit de profissionais na Educação, o governo determinou que as prioridades são a construção de creches e  quadras.  


Só eventos têm garantia de verba liberada


No detalhamento da execução das emendas parlamentares em 2012 chama a atenção o volume de recursos não concretizados. Dos R$ 98 milhões previstos, o GDF empenhou R$ 73 milhões, conforme pesquisa no Sistema Integrado de Gestão Governamental (Siggo).

No entanto, esses dados são mascarados pelo  excesso de emendas para Cultura e eventos, esses sim, executados. Do total empenhado, R$ 36 milhões foram destinados para Cultura festejos e similares. Trata-se de praticamente, metade de tudo que foi realizado com as emendas.

Caso se exclua a Cultura  vê-se que, dos R$ 58,9 milhões das demais áreas, só R$ 37 milhões foram empenhados. Dá mesnos de dois terços do total. Em contrapartida, é possível observar que o setor de  eventos  chegou, isoladamente,  à aplicação de  R$ 33 milhões. Em outras palavras, pouco mais de 90% do dinheiro público.

Em contrapartida, outras áreas não tiveram o mesmo empenho na execução e destinação. É o caso da Segurança, que poderia receber R$ 1,7 milhão, mas viu apenas R$ 184 mil investidos de fato. Para este ano, os distritais anunciaram que os recursos das emendas terão outros focos: em obras e investimentos.
Por Francisco Dutra
Fonte: Jornal de Brasília - 09/01/2013

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