domingo, 19 de abril de 2015

Propina: Vice-presidente da Camargo Corrêa confirma pagamento de R$ 110 milhões

Vice-presidente da Camargo Corrêa disse que "era fácil" inserir valores de propinas nos contratos

Em depoimento ao Ministério Público Federal, o vice-presidente da construtora Camargo Corrêa, Eduardo Hermelino Leite, admitiu que a empresa pagou R$ 110 milhões em propinas para abastecer o esquema de corrupção que vem sendo investigado pela Operação Lava Jato. Segundo ele, os pagamentos foram realizados durante o período de 2007 a 2012. Leite foi detido em novembro de 2014, durante a sétima fase da operação, e foi solto após homologar na Justiça o acordo de delação premiada. ...

Durante seu depoimento, o empresário afirmou que do total de pagamentos, R$ 63 milhões foram destinados à área de Serviços da Petrobras, que na época era comandada por Renato Duque e Pedro Barusco. Os outros R$ 47 milhões foram pagos para a Diretoria de Abastecimento, então chefiada por Paulo Roberto Costa. Segundo o depoimento de Leite, o valor foi desviado de diversas obras da Petrobras. 

Dos três nomes citados por Eduardo Hermelino (Duque, Costa e Barusco), apenas Pedro Barusco está solto. Renato Duque está preso na cidade de Curitiba, acusado, entre outros crimes, de corrupção. Já Paulo Roberto Costa cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro, após ter assinado um acordo de delação premiada.

De acordo com o vice-presidente da empreiteira, o dinheiro desviado para propina vinha da própria Petrobras, porém não vinha do superfaturamento imediato das obras, no momento da licitação. Segundo ele, o valor era inserido ao final das construções, como se fosse um gasto extra da construtora, que entrava em contratos aditivos.

Leite disse também que a propina era paga com a subcontratação de empresas, e que essas empresas eram indicadas por Júlio Camargo e pelo doleiro Alberto Youssef. O valor que era recebido da Petrobras era repassado a essas empresas e, posteriormente, acabava com os funcionários de estatal.

Um dos contratos citados por ele foi firmado com a empresa Sanko Sider, já apontada nas investigações da Lava Jato. No caso, a Sanko foi contratada para fornecer tubulações que seriam usadas na Refinaria Getúlio Vargas (Repar), no estado do Paraná. O produto foi entregue, porém no valor final foram adicionados serviços fictícios com o intuito de superfaturar o contrato.

Segundo o vice-presidente da construtora, o presidente da companhia, Dalton Avancini, sabia de todo o processo. Avancini foi detido no mesmo momento de Leite e assim como ele, também firmou um contrato de delação premiada e responde o processo em liberdade.

Vice-presidente da Camargo Corrêa disse que "era fácil" inserir valores de propinas nos contratos

Durante depoimento realizado na última sexta-feira (17), o vice-presidente da empreiteira Camargo Corrêa, Eduardo HErmelino Leite, afirmou ao Ministério Público Federal (MPF), que “era fácil” adicionar o valor das propinas pagas aos diretores da Petrobras nos contratos firmados entre as duas empresas.

"Era fácil, porque, em primeiro lugar, os volumes dos contratos junto à Petrobras eram significativos, de muitos milhões ou bilhões de reais", disse Leite em depoimento válido pela sua delação premiada.

Leite também afirmou que era possível incluir a propina nas propostas apresentadas pela construtora nas licitações, devido à “má qualidade dos contratos” da estatal. Essa baixa qualidade gerava discussões de sobrecustos que as obras iriam exigir, onde eram incluídos os valores das propinas.

Segundo o delator, a Petrobras aceitava variar em até 20% a mais no valor previsto para a realização das obras. Com isso, o 1% que era destinado ao pagamento de propina se tornava um valor “insignificante”.

De acordo com Eduardo, este percentual de 1% valia tanto para a Diretoria de Abastecimento como para a Diretoria de Serviços. Esses valores eram descritos nos documentos oficiais como reservas para riscos financeiros, como por exemplo, variação de preços dos materiais, atrasos de pagamentos e até possíveis greves.

Segundo o vice-presidente da empreiteira, se o custo de um equipamento fosse de R$ 1mil, seria previsto um adicional de 1% referente aos riscos acima citados. Com isso, o orçamento era elevado para R$ 1.010, era deste valor que a propina era retirada.
Fonte: Jornal do Brasil 

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