segunda-feira, 6 de abril de 2015

Saúde: DF precisa de mais doadores

Catarina, 6 anos, espera um doador compatível há um ano e oito meses

O número de voluntários inscritos para doação de medula óssea na cidade ainda está abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde.

Fazer o cadastro no Registro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) é uma atitude simples que pode fazer outra pessoa nascer de novo. Porém, na prospecção de doadores, o Distrito Federal está abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde. A média de inscritos no ano passado foi de 3,9 mil, quando a quantidade indicada pelo Ministério é de 9.055 por ano. ...

O cálculo, feito pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), pretende garantir a representatividade da diversidade genética da população, a maior oportunidade de identificação de doadores e assegurar o uso adequado dos recursos financeiros disponíveis em cada unidade da Federação.

Segundo dados da Fundação Hemocentro de Brasília (FHB), o banco de voluntários cadastrados é de 25.200, contando os registros feitos desde 2008. Para ser um doador de medula óssea não há segredos. Segundo orientações do Inca, qualquer pessoa entre 18 e 55 anos está apta para ser doadora, desde que esteja saudável (não ter doença contagiosa ou incapacitante). Os interessados devem procurar o Hemocentro de seus estados. No caso do DF, a FHB fica na Asa Norte. Na unidade de saúde, os possíveis doadores preenchem um formulário com dados pessoais e é coletada uma amostra de sangue, que determinam as características genéticas que são necessárias para a compatibilidade entre doador e o paciente.

Os dados pessoais e os resultados dos testes são armazenados em um sistema informatizado que realiza o cruzamento com dados dos pacientes que precisam do transplante.

Depoimento na web 
 Após a intensa campanha #tamojuntomichel nas redes sociais e abraçada pelo Correio, o militar Michel Maruyama, 31 anos, conseguiu que mais voluntários se cadastrassem e o resultado foi o encontro de uma medula compatível. 

Em um depoimento no vídeo publicado no www.correiobraziliense.com.br, o militar agradece o apoio e comunica que fará o transplante ainda esta semana. “A todos que foram e se cadastraram, amigos e desconhecidos, eu digo que cada um é um elo dessa corrente do bem”, agradece.

Entretanto, ainda existem muitos pacientes à procura de um doador, como a pequena Catarina Melo Maciel, 6 anos, que passou a Páscoa no Hospital de Base por causa do tratamento contra a leucemia. Ela espera há um ano e oito meses um doador compatível (leia Três perguntas para). De acordo com o Inca, um obstáculo para o transplante de medula óssea é a compatibilidade. A chance de encontrar uma medula compatível é, em média uma a cada 100 mil.

Em caso de compatibilidade com um paciente, antes da doação, o doador faz uma rigorosa análise clínica, incluindo exames complementares para confirmar o seu bom estado de saúde. Não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação. A doação é feita em centro cirúrgico, sob anestesia, e, segundo o Inca, tem duração de aproximadamente duas horas. São realizadas múltiplas punções com agulhas nos ossos posteriores da bacia e é aspirada a medula. Retira-se um volume de medula do doador de, no máximo, 15%. Essa retirada não causa qualquer comprometimento à saúde.

Três perguntas para

Nádia Melo, mãe de Catarina

Você acredita que as pessoas ainda tenham dúvidas sobre a doação de medula óssea?
Sim. Até eu tenho dúvidas. Há várias perguntas, principalmente envolvendo o transplante propriamente, que ainda não consigo responder. Antes de a doença aparecer, eu não tinha conhecimento sobre ela. Agora, sei como é o tratamento, mas não sei, por exemplo, quantos por cento de compatibilidade um doador tem de ter, se depois do transplante será 100% garantido, se a medula vai pegar.

E sobre a campanha, acha que as pessoas estão realmente engajadas em ajudar o próximo?
Sim. Eu recebi várias mensagens durante dois dias de pessoas perguntando se ela precisava de algo, se poderiam ser doadoras, o que poderiam fazer para ajudá-la. Então, acho que essas campanhas têm um alcance imediato. Temos o exemplo da campanha do Michel, que conseguiu um doador compatível. Espero que isso também aconteça para a minha filha e para tantas outras crianças que estão precisando de um milagre como esse.

E como foi a Páscoa da Catarina?
Nós sempre comemoramos a Páscoa, como qualquer família tradicional, mas não estou falando muito sobre a ocasião para não gerar nenhuma expectativa para ela. Tudo bem que aqui somos uma grande família, mas é uma família de amigos. É triste não estar comemorando com a família que está em casa, mas sabemos que é por uma causa maior. A irmã dela virá aqui para abraçá-la. Não comprei nenhum ovo de Páscoa porque, na verdade, não posso sair do hospital, mas ela não tem nenhuma restrição alimentar.
Fonte: Por Mariana Laboisière e Flaviá Maia, Correio Braziliense. Carlos Moura/CB/D.A Press - 06/04/2015

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