terça-feira, 11 de março de 2014

Roriz: A outra batalha até as eleições


Potencial candidato ao GDF, bem colocado em pesquisas, Roriz acredita que só será operado a partir de 2015

Com insuficiência renal, ex-governador está na fila de transplante de rim no sistema de saúde do Distrito Federal. Ele aguarda doador compatível para receber um órgão e dispensar as diálises diárias, enquanto articula candidatura ao Palácio do Buriti. ...

Um dos pré-candidatos mais bem colocados nas pesquisas de opinião realizadas no Distrito Federal, Joaquim Roriz enfrenta outra dura batalha além da corrida eleitoral. O ex-governador sofre de falência renal e está na fila de espera por um transplante de rim. O nome de Roriz faz parte da lista dos pacientes do Sistema Único de Saúde do DF que aguardam a cirurgia na capital federal. Apesar da saúde delicada, o cacique do PRTB não abre mão de participar das articulações políticas da oposição e promove com frequência reuniões em sua casa, no Park Way. A meta dos parentes e amigos agora é afastar rumores sobre o agravamento da saúde do ex-governador. O receio dos familiares é que os boatos sejam usados como munição eleitoral.

Aos 77 anos, Joaquim Roriz mantém uma vida reclusa desde as últimas eleições, quando teve de sair do páreo e colocar a mulher, Weslian, em seu lugar. A ex-primeira-dama ainda conseguiu levar a disputa para o segundo turno, mas acabou derrotada por Agnelo Queiroz. Diabético, Roriz se submete a sessões diárias de hemodiálise para filtrar o sangue, diante da deficiência dos rins. Além dos problemas de saúde, ele e dona Weslian têm um perfil mais caseiro e raramente o casal participa de eventos sociais. A última aparição pública do ex-governador ocorreu há quase um ano, durante uma missa em homenagem ao aniversário da filha Liliane Roriz.

Joaquim Roriz está na fila de espera por um rim desde meados do ano passado. A inscrição ocorreu primeiro no Hospital do Rim, em São Paulo. Os médicos e a família do ex-governador optaram por aguardar pela cirurgia depois que Roriz se submeteu com sucesso a uma operação de ponte de safena, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Pouco depois, o nome saiu da lista do hospital paulista e passou para a relação dos doentes renais de Brasília. Como o rim retirado de um doador recém-falecido tem que ser transplantado com rapidez para o receptor, o ideal é que a cirurgia seja realizada na cidade de domicílio do paciente.

Doador

Nenhum familiar é compatível com Roriz e, portanto, a operação só poderá ser feita com o órgão de um doador cadáver. A deputada Liliane Roriz, também filiada ao PRTB, diz que o estado de saúde do pai é bom e que não houve novidades no quadro. Ela ficou irritada com boatos que circularam pela cidade na noite do último domingo dando conta de que o ex-governador estaria internado para fazer um transplante. “Meu pai está ótimo. Ele não saiu do jogo. Já conversamos com os médicos e não há pressa para fazer o transplante. A cirurgia não será feita este ano”, garante a distrital, apontada como herdeira política do ex-governador. O nome de Liliane foi articulado por Roriz para que a deputada fosse a vice na chapa de José Roberto Arruda (PR). Mas a deputada não descarta disputar o governo ela própria ou até mesmo a reeleição à Câmara Legislativa.

Mesmo com os problemas de saúde, Joaquim Roriz articula a oposição para as eleições. No início do ano, ele foi até Goiânia, ao lado do ex-governador José Roberto Arruda, para uma reunião política com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). A partir desse encontro, foi consolidada a parceria dos dois caciques do DF para a oposição a Agnelo Queiroz.

Roriz está filiado ao PRTB desde outubro, depois de meses de mistério sobre o destino político do ex-governador. Ele chegou a negociar a ida para o DEM, mas o nome foi recusado pelo diretório nacional do partido. O ex-governador optou então pelo partido comandado pelo empresário e ex-senador Luiz Estevão.

Os fatores da cirurgia

Ter mais de 65 anos já significou uma redução considerável nas chances de fazer um transplante de rim. Mas o aumento da expectativa de vida faz crescer também o número de pessoas com hipertensão e diabetes, duas das principais doenças que levam alguém a precisar de um novo rim. Assim, na Europa e nos Estados Unidos, tem sido cada vez mais comum o transplante em idosos. 

O risco da cirurgia nessa faixa etária, segundo especialistas, é maior por conta de possíveis problemas cardiológicos. Por isso, tal como aconteceu com Joaquim Roriz, é comum que esses pacientes passem por intervenções no coração antes do transplante, para reduzir o risco de infarto. “A idade em si não é mais uma contraindicação. Um dia já foi, mas esse entendimento mudou”, explica o presidente da Sociedade Brasiliense de Nefrologia, Fábio Ferraz. 

Idade também não influencia na posição do paciente na lista de espera por um órgão. A gravidade do estado de saúde e a compatibilidade com os doadores determinam quem receberá o rim captado. A indicação para cirurgia é dada àqueles cujos rins funcionam com menos de 15% da capacidade, quadro que já exige a realização de diálise para remoção de toxinas do sangue. Atualmente, um terço dos pacientes que passam pelo procedimento é idoso. No Brasil, pelo menos 100 mil pessoas precisam das máquinas para sobreviver. 

Cirurgia delicada

A lista de espera é separada por estados e administrada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Geralmente, os pacientes renais cadastrados recebem rins captados em um doador cadáver. Como o transplante não é imediato, a integridade do órgão é afetada, o que resulta em um tempo menor de sobrevida ao implante, entre 8 e 10 anos. Além disso, nessa modalidade de transplante, a compatibilidade entre quem doa e quem recebe é menor. Dessa maneira, o paciente precisa tomar imunossupressores mais fortes — que inclusive aumentam o risco de diabetes e hipertensão, as mesmas doenças que atacam o rim — durante toda a vida. 

Quando o transplante acontece entre vivos, pelo fato de na maior parte dos casos as pessoas terem parentesco, as chances são maiores de que o tipo sanguíneo e o HLA (sigla em inglês para antígenos leucocitários humanos) serem semelhantes. “Além disso, a captação e o implante são imediatos, ou seja, o órgão é mais preservado”, completa Ferraz. O transplante de rim é uma cirurgia delicada, que, em média, dura de duas a quatro horas. Ao contrário do que acontece em outros transplantes, os rins doentes não são removidos. As artérias e veias são redirecionadas a uma região próxima à bexiga, onde o novo órgão é transplantado.
Fonte: HELENA MADER e ARIADNE SAKKIS - Correio Braziliense - 11/03/2014 - - 10:55:04

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