domingo, 9 de junho de 2013

LIGAÇÃO ENTRE DURVAL E GALENO TURVA LICITAÇÃO

À frente da concorrência bilionária, um nome chama a atenção pela relação com o delator-mor

Um relatório do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios apontou irregularidades na Licitação de Transporte Coletivo de Brasília e recomenda o cancelamento do certame. O fato coloca o Governo Agnelo Queiroz no centro de um furacão.
O MPDFT evoca a Lei 8.666/93, que rege todo o processo de Licitação e Administração Pública, e a Constituição Federal, em vários de seus artigos, para argumentar entre vários pontos que “o secretário de Estado de Transporte do Distrito Federal, que habilitou a empresa Viação Piracicabana Ltda incorreu em afronta às regras editatícias e aos princípios jurídicos que regem as licitações, eis que a habilitação da empresa em questão, além de afrontar o item 16.1.2, alíneas “g” e “h” do Edital da Concorrência 01/2011 – ST, implica na possibilidade de escolha de proposta menos vantajosa, visto que há sério risco de que haja formação de oligopólio no serviço público licitado.”
O MP adverte que “as relações societárias descritas comprovam que as licitantes Viação Pioneira Ltda (vencedora da Bacia 2) e a Viação Piracicabana Ltda (licitante da Bacia 1) integram o mesmo grupo de sociedade, ou seja, fazem parte do mesmo grupo econômico”. Todas essas empresas integram o grupo Constantino.
INFORMAÇÃO E PODER O que o Ministério Público não sabia até agora é que o delator do escândalo da Caixa de Pandora, Durval Barbosa, pode continuar dando as cartas no governo Agnelo usando, em postos-chaves, homens de sua inteira confiança, como o presidente da Comissão Especial de Licitação da Secretaria de Transportes, Galeno Furtado Monte.
O menino que nasceu na pequena cidade Canto do Buriti, no interior do Piauí, e que chegou à capital federal nos primórdios da história, fez carreira na Polícia Civil e chegou a delegado, onde amealhou informações para entrar no Governo do Distrito Federal. Durval Barbosa Rodrigues montou durante duas décadas um dos maiores esquemas de corrupção já vistos na política do Brasil, comandando o esquema de arrecadação das principais áreas do Governo do Distrito Federal.
MAPEAMENTO Da cadeira da presidência da Companhia do Desenvolvimento do Planalto Central (Codeplan), Durval, assessorado por Galeno Furtado Monte, seu então chefe de gabinete, teria mapeado os pontos estratégicos para permanecer no poder independentemente de qual fosse o governo. Assim escalava chefes de setores, indicava comando do alto escalão e centralizava no seu quartel general o esquema de arrecadação e distribuição de propina deixando vários políticos reféns de suas ordens.


Um encontro nunca bem explicado

O sistema de Transporte do Distrito Federal não poderia ficar de fora, pois se trata da maior arrecadação diária do Governo. A Transportes Coletivos de Brasília (TCB), por exemplo, pode ter sido levada à falência para dar espaço a grupos empresariais, como os que rezam na cartilha de Durval.

Em 2009, Durval se reuniu com o futuro candidato petista ao Palácio do Buriti, Agnelo Queiroz, em um encontro que pode ter começado a selar a sorte do então governador José Roberto Arruda e facilitado a vitória do futuro governante. No 10o andar do Anexo do Palácio, em seu gabinete, quando era o Secretário de Articulação Institucional do GDF, Durval Barbosa recebeu Agnelo dos Santos Queiroz Filho. No encontro teriam sido selados acordos que foram registrados em gravações que permanecem em poder do delator. Dias depois, Durval Barbosa procurava o Ministério Público para buscar a delação premiada que o livraria de vários processos.
A delação resultou no maior escândalo político da capital e culminou com a queda do comando do GDF. O delator entregou ao MP gravações, mas guardou com ele a bomba que pode estar sendo detonada agora pelo presidente da Comissão de Licitação de Transporte Galeno Furtado Monte, que assessorou Durval durante anos.

Delator também foi gravado
Procurado pela imprensa, Durval Barbosa se esquivou de detalhes e disse apenas que Galeno teve uma passagem meteórica de menos de um ano na Codeplan e que foi demitido por incompetência. Mas não é bem assim. Documentos da Codeplan (veja facsimile) registram uma relação de subordinação direta de Galeno para Durval de pelo menos três anos, entre 1999 e 2002, como chefe de gabinete.
O interesse de Durval pelo Transporte também ficou registrado na conversa gravada pelo secretário de Transporte do governo Arruda, o deputado Alberto Fraga

MESMA BALA Durval, que tinha o hábito de gravar e filmar todas as conversas nada ortodoxas acontecidas em seu gabinete, visitou o colega Alberto Fraga e foi atingido pela mesma bala. Fraga grampeou o delator da Caixa de Pandora. Nos diálogos gravados por Fraga, Durval Barbosa pergunta como andam as licitações na área dos Transportes. Fraga responde que “a grande está com problemas, mas vai sair.” A fita foi mantida pelo coronel Alberto Fraga em cofre particular num bunker. No inquérito aberto pelo governo Agnelo para apurar irregularidades na área dos Transportes, Alberto Fraga foi o alvo principal. A polícia fez busca e apreensão no bunker do coronel e resgatou o segredo guardado a sete chaves. O inquérito foi remetido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ainda está tramitando.

Por Mino Pedrosa

Fonte: Fercalnews.

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