sábado, 29 de junho de 2013

Artigo: "Pato feio, o manco e o cisne"

Ser campeão de votos representa prestígio junto ao eleitorado. As vezes, não no próprio partido. É o caso do deputado distrital Chico Leite (PT). A notícia de que está de saída para a Rede Sustentabilidade foi um dos fatos mais relevantes da semana passada na política brasiliense.

O PT não vai fazer nada para evitar a sua saída. O partido sempre rejeitou Chico Leite. O motivo principal é que ele não é da turma. As principais lideranças são oriundas do sindicalismo. A exceção é Chico, promotor de justiça de carreira e integrante dos quadros do Ministério Público.

O patinho feio do PT se transforma em um cisne em ano de eleição. O deputado já recebeu convites de outros partidos, mas reluta em sair do PT. Ou relutava até pouco tempo atras. Cansou de ser escanteado. Um exemplo: essa semana o governador Agnelo Queiroz convocou uma reunião de petistas para debater com o presidente nacional do partido, Rui Falcão, o cenário politico e os impactos no DF.

Foram chamados os deputados distritais Chico Vigilante, Wasny de Roure e Arlete Sampaio, o presidente do PT no DF, deputado federal Roberto Policarpo, e o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, deputado federal licenciado, Geraldo Magela. Deixaram Chico Leite de fora.

Essa não foi a primeira vez que foi preterido. Em 2010, lançou dentro do partido sua candidatura ao Senado. Mesmo com duas vagas a serem disputadas, o PT preferiu apoiar políticos de fora da legendas: Cristovam Buarque (PDT) e Rodrigo Rollemberg (PSB).

Resultado, o PT ficou sem senador e os dois eleitos foram para a oposição. Chico disputou à reeleição e foi o deputado mais votado.
Além de rejeitar, o PT ainda persegue. No final de 2011, parlamentares do partido articularam uma resolução para reduzir o salário de Chico Leite que recebe pelo Ministério Público. A tentativa resultou em demanda judicial que foi perdida pela Presidência da Câmara Legislativa.

Em outro momento, a aliança entre o deputado distrital Sidney Patrício (PT) e o então secretário de Governo, Paulo Tadeu (PT), trabalhou durante 2011 e 2012 para isolar Chico Leite. O PT-DF não se posicionou em defesa do seu deputado. A omissão da cúpula do partido foi uma vitória para Tadeu e Patrício. O PT foi empurrando, aos poucos, o deputado para fora da legenda.

A saída de Chico Leite para o partido de Marina pode sinalizar uma mexida no tabuleiro eleitoral de 2014. Principalmente num momento em que as ruas rejeitam as práticas políticas atuais. Na Rede, poderá ter espaço para disputar o Senado. Pode ser estimulado a se lançar ao Palácio do Buriti.

Parte das bandeiras defendidas por Chico Leite está nas cartolinas dos manifestantes. Vão desde a condenação da PEC 37 (já derrubada), passando pela ética na política até o fim do voto secreto. Se encampar tudo isso numa campanha ao Governo do Distrito Federal, não poderá ser taxado de oportunista. E poderá ser a novidade.

A entrada de mais um protagonista na eleição majoritária é sempre bem vinda. Enriquece o debate de ideias entre os candidatos. Dá mais opção ao eleitor. E abre caminho para uma terceira via. Chico Leite tira votos do próprio PT. Também atinge a candidatura de Rodrigo Rollemberg e do deputado federal Reguffe (PDT), outro nome cogitado ao governo.

O mais provável é que Chico dispute o Senado. O PT está se lixando. A preocupação maior é com a voz das ruas. Como está no poder aqui no Distrito Federal e no Planalto, os protestos podem respingar com maior intensidade do PT. Corre o risco de chegar em 2014 como pato manco. E sem o pato feio. 
Por Ricardo Callado do Jornal da Comunidade

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