A ordem do governador
Agnelo Queiroz - para que as forças de segurança combatam a todo custo as
manifestações na véspera e no Dia da Independência - foram cumpridas a risca
por soldados da Polícia Militar nesta sexta-feira 6. A violência foi tanta, que
uma das manifestantes, grávida de quatro meses, está sob observação médica e
corre o risco de abortar.
Os manifestantes que
ocuparam várias áreas de Brasília reclamam da postura da Polícia Militar
durante e após a ação. Policiais utilizaram força excessiva para liberar as
vias ocupadas.
"Nós já estávamos no
canteiro, saindo da pista, e a PM chegou. Eles não conversaram em nenhum
momento, chegaram batendo e prendendo as pessoas", disse Edson Silva,
integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
- Não acreditei no tanto
de policial que chegou, parecia uma zona de guerra para prender famílias, trabalhadores,
acrescentou.
De acordo com Silva,
várias pessoas ficaram feridas, entre elas, uma mulher grávida e quatro meses,
que está no Hospital Regional do Guará, fazendo exames para avaliar o risco de
interrupção da gravidez. Ela não quis se identificar, mas explicou que passou
mal com o gás lacrimogêneo lançado pela polícia, além de ter caído no chão
durante a confusão.
O secretário adjunto de
Segurança Pública, Paulo Roberto Oliveira, negou ter havido agressão por parte
da polícia e explicou que o uso de spray de pimenta e gás lacrimogêneo faz
parte do chamado "uso progressivo da força".
- A Polícia Militar agiu
dentro de uma medida de força escalonada. Não podemos permitir que as pessoas
cheguem à pista, lancem pneus e coloquem fogo. A atuação da PM foi comedida e,
dentro da necessidade da força, para liberar a via em um horário de grande
fluxo, afirmou.
Já Edson Silva justificou
o uso de pneus em chamas para impedir o avanço dos carros e garantir a
integridade dos manifestantes durante o ato. Segundo ele, a polícia estava
procurando participantes do ato em suas casas para prendê-los.
Essa versão foi negada
pela PM, mas o secretário adjunto confirmou, no entanto, a prisão de cinco
pessoas durante a manifestação por dano ao meio ambiente e ao patrimônio. Um
grupo de advogados e estudantes de Direito se mobilizou para auxiliar os
manifestantes que estão presos.
O ato desta sexta-feira,
conhecido como Grito dos Excluídos teve como participantes moradores de
assentamentos em Taguatinga e Ceilândia. O grupo protestava contra os problemas
na saúde, educação e transporte.
Para este sábado 7 mais
manifestações estão sendo programadas para a capital federal. Serão 5.300
policiais durante o desfile de 7 de Setembro, na Esplanada, e durante o jogo da
Seleção Brasileira, no Estádio Mané Garrincha. A Polícia Militar espera cerca
de 50 mil pessoas nas manifestações deste sábado. O comandante-geral da PM,
Joziel de Melo, reiterou que protestos pacíficos são um direito da sociedade,
mas atos violentos serão coibidos.
"Não vamos permitir
que aconteça aqui o que aconteceu em outros estados. Cometeu crime, destruiu
patrimônio ou agiu contra a integridade física de alguém, vai ser preso".
O comandante explicou ainda que as pessoas que estiverem mascaradas durante as
manifestações serão abordadas pela polícia e deverão revelar suas identidades.
Fonte: Notibras -
publicado em 07/09/2013 / Diário do DF.
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