segunda-feira, 18 de março de 2013

Paulo Fona: "Ele está disposto a ser governador"

Paulo Fona ao lado do ex-governador Joaquim Roriz (Foto Internet)

Amigo pessoal e Porta-Voz do ex-governador Joaquim Roriz, o jornalista Paulo Fona analisa o cenário político do Distrito Federal. Embasado em sua experiência partidária, faz também uma perspectiva de quadro nas eleições de 2014 e seus possíveis candidatos.

Para os pretensos ao Buriti que pensa que Roriz não tem mais pretensões políticas pode rever suas opiniões. “Ele se dispõe a ser governador. Não há nenhum impedimento legal”, avisa o assessor do ex-governador.

Durante a entrevista de Fona, concedida ao Guardião Notícias, o jornalista relembrou seu passado. Inclusive que foi ele, o fundador do PT no Distrito Federal. Após opiniões divergentes, o jornalista se desfiliou do partido.

Secretário de Comunicação também, durante a gestão de Roriz, Fona teve experiências com outros governadores no Sul e no Rio de Janeiro, com o atual deputado federal Antony Garotinho. Conhecedor da imprensa, ele elogiou o projeto do Grupo Guardian. “Tem tudo para dar mais certo”, profetizou. Confira a seguir os melhores trechos da entrevista:

Guardian Notícias - Conhecedor da política do DF e nacional, como o senhor vê a conjectura política atual, já visando 2014?
Paulo Fona - A legislação mudou, mas não impede que até mesmo aqueles que têm mandato parlamentar possam eventualmente trocar de partido {até setembro}. E lideranças locais e nacionais que não tem nenhuma opção partidária nesse momento, e os que têm e querem mudar, tem até setembro para fazer isso. Significa que a partir de agora as forças políticas começam a se movimentar para definir um quadro.

GN - Podemos dizer que já temos pelos dois pólos de disputa?
PF - Aqui já temos alguns partidos de oposição. Notadamente o PSDB, o DEM. Tem também o PMN, da deputada (federal) Jaqueline (Roriz). Tem o PSD que fica a se definir e está entre a cruz e a espada. Não sabe se é governo ou não. Mas não é uma característica do local, como também do nacional. Então nós temos que esperar setembro para ter um quadro mais claro e as forças estarão bem mais definidas.

GN - Por falar em PSD, qual a avaliação que o senhor faz do posicionamento da legenda no DF?
PF - Está faltando para o Rogério {Rosso} e o partido dele uma linha, como também em nível nacional. O PSD vai participar do governo Dilma ou não vai? Já escreveram que sim e depois desmentiram. Agora está na conversa. Na minha visão o partido tem que ter posição. Ou é contra ou a favor. Ficar no meio de campo não é legal.

GN - Na última eleição, o PT fez um leque de partidos de apoio. Já existe movimento de legendas que faziam parte deste apoio que querem lançar candidato próprio. Podemos ter um cenário diferente?
PF - Tem um quadro nacional novo. Basicamente por duas figuras novas: um é o Eduardo Campos no PSB e ao longo dos últimos quatro anos é o partido que mais vem crescendo. E se vemos a história político-partidário do País, vemos que tem partido que começa na oposição, chega ao poder e depois sai e vai definhando. O contrário também acontece. Isso aconteceu com o próprio PSDB, com o PT e está acontecendo com o PSB. Nas eleições municipais foi o partido que mais cresceu e está ganhando espaço. Daí o surgimento de Eduardo Campos.

GN - Há outros nomes em potencial?
PF - Tem outro fator novo que é o Rede, o partido da Marina que pode agregar não só os ambientalistas como também as pessoas insatisfeitas com os partidos. No caso, ela teve uma expressiva votação no DF.

GN - No DF, o governo é mal avaliado, mas em contrapartida, o governador tem 21 deputados em sua base. Como o senhor vê ambiente?
PF - O que parece é que a Câmara Legislativa não está sintonizada com a população. Por que se o governo tem 80% dos deputados ou mais, nas ruas a população, quase 80% está contra o {governo}. Há uma inversão de sentimento da população e o sentimento da Câmara Legislativa.

GN - Qual a origem disso?
PF - Uma coisa evidente foi a cooptação que o governador Agnelo fez dos partidos e deputados distritais. Ele começou com uma bancada de onze, doze parlamentares e hoje já tem vinte e um. O partido que tinha o PR na chapa do governador Roriz-Weslian, com seis meses depois já estava na base do governo {Agnelo}. É muita incoerência partidária e mostra a força que o governo tem de cooptar as diferentes correntes. Saiu gente do PRTB, do PSC, foram todos para a base.

GN - Isso é prejudicial ao próprio processo eleitoral e à população...
PF - Em minha opinião, a legislação eleitoral e partidária teria que evitar esse tipo de coisa. A população não entende: o partido tem um candidato ao governo, perde-se a candidatura, seis meses depois ele está na base do outro candidato?

GN - Existe a possibilidade de reforma política, que inclusive está na pauta do Congresso. O senhor é otimista quanto a essa nova legislação?
PF - Nenhum colégio eleitoral vota contra si mesmo. Quando tem uma assembleia de cidadão, ninguém vai aumentar seu próprio imposto. Quando tem uma assembleia do condomínio, ninguém vai dizer que não vai poder ter festa no prédio. Tem uma Câmara, ninguém vai diminuir seu salário. E assim vai...Acho difícil o Congresso Nacional votar uma legislação que vai contra os interesses de quem está no poder.

GN - Politicamente, o senhor teve sua experiência. Como começou?
PF - Fui fundador do PT aqui no Distrito Federal. Ninguém é perfeito...{risos}

GN - Uma contradição...
PF - Na verdade estou brincando. Sinto orgulho disso, mas o partido mudou. Tanto mudou que eu saí no colégio eleitoral do Tancredo Neves, quando eles expulsaram três deputados federais que votaram em Tancredo. Ali eu me afastei do partido.

GN - Pode-se dizer que Roriz ainda é uma figura forte na política do DF?
PF - Sem dúvida. Ele tem uma força política que foi construída ao longo de 14 anos como governador do Distrito Federal, por mais que digam que não foi uma gestão boa. Imagine: ele fez o metrô. Foi muito criticado na época. Imagine o DF hoje sem o metrô? Seria inviável. Ele construiu 17 viadutos. Melhorou o trânsito na época. Imagine se nção tivesse esses viadutos? Fez nove cidades. Iomagine onde estariam essas pessoas?

GN - Ele tem seu legado eleitoral...
PF - É bom lembrar que na última eleição, a dona Weslian teve quase 35% dos votos, sendo que a candidatura dela foi confirmada na véspera da eleição. E mesmo assim ela foi para o segundo turno. Isso mostra a força política do governador.

GN - Então ele vai se candidatar em 2014?
PF - Ele se dispõe a ser governador. Não há nenhum impedimento legal, formal para ele ser candidato. Por que? Ele nunca teve condenação, em colegiado nenhum. Fala-se muito que ele fez isso ou aquilo outro, mas ele não tem nenhuma condenação. Dois: o processo dele sobre a Ficha Limpa não teve decisão. Na verdade deu empate. E empate a gente sabe é pró-reo.

GN - Qual o provável cenário de disputa que podemos visualizar para 2014?
PF - Eu vejo basicamente três blocos: o governo – aliança PT e PMDB -, aí neste caso tem que ver se o PMDB ficará. Tem um novo bloco que está surgindo, que é o PSB e PDT, leia-se Rodrigo Rollemberg, Cristovam Buarque e Reguffe. E tem a terceira força que é do governador Roriz e esse núcleo de oposição – PSDB, DEM e tem as três deputadas que estão no PSD.

GN - O senhor acredita que o ex-governador Arruda possa ser incluído nesse páreo?
PF - É uma incógnita, por que nele se aplica a possibilidade de ele ser candidato, que em termos jurídico ele pode ser.  Agora é bom lembrar que salvo engano ele só tem uma condenação de colegiado, em primeira instância. Ou seja, não está enquadrado ainda na lei da Ficha Limpa. Se os eleitores vão aceitar ele ser candidato, o juízo é dele e da população.

Por João Zisman e Elton Santos
Da Redação

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