Um relatório do Coaf,
órgão de inteligência financeira vinculado ao Ministério da Fazenda, aponta que
contas ligadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao ex-ministro
Antonio Palocci e à ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra movimentaram cerca
de R$ 294 milhões. As informações foram publicadas pela revista “Época” na
edição divulgada nesta sexta (30).
Segundo a publicação, o
documento de 32 páginas identifica movimentações incompatíveis com as
respectivas rendas daqueles ligados às contas: Lula (R$ 53,6 milhões, de 2011 a
2014), Palocci (R$ 216 milhões, de 2008 a 2015) e Erenice (R$ 26,3 milhões, de
2008 a 2015). O relatório foi entregue à CPI do BNDES, que investiga contratos
considerados suspeitos assinados pelo banco de 2003 a 2015, nos governos do PT.
Em agosto, a revista
“Veja”, também com base em relatório do Coaf, revelou que a empresa do ex-presidente,
LILS Palestras e Eventos, recebeu R$ 27 milhões de 2011 a 2014, sendo R$ 9,8
milhões de empreiteiras investigadas no escândalo da Petrobras.
Agora, “Época” revela que
a movimentação total da empresa no período foi de R$ 52,3 milhões. Parte da
receita foi repassada a pessoas próximas e investida em plano de previdência
privada (R$ 6,2 milhões). Procurada, a assessoria de imprensa do ex-presidente
Lula não foi localizada.
Já empresa Projeto, de
Palocci, recebeu R$ 53 milhões a partir de junho de 2011, quando deixou a
chefia da Casa Civil do governo Dilma Rousseff (PT) após a Folha ter revelado
que seu patrimônio multiplicou por 20 em quatro anos ao atuar como consultor
privado. Ele defendeu as atividades como “legítimas relações comerciais”.
Do total, R$ 4,7 milhões
são oriundos da Caoa, montadora e revendedora de veículos investigada na
Operação Zelotes sob suspeita de envolvimento com suposto esquema de compra de
medidas provisórias. Investigadores apontam o pagamento de propina relacionado
à MP 471 -aprovada pelo Congresso no fim de 2009-, que prorrogava incentivos
fiscais de R$ 1,3 bilhão por ano para montadoras.
Em julho deste ano,
reportagem da Folha apontou, segundo informações do Coaf, que a empresa de
consultoria do ex-ministro faturou R$ 34,9 milhões entre 2007 e 2010, época em
que ele exercia o mandato de deputado federal. A Projeto foi contratada por 60
clientes de diferentes setores da economia, como firmas de planos de saúde, de
alimentação e incorporadoras de imóveis.
Naquele mês, a Caoa
afirmou à Folha que Palocci prestou consultoria “em dois períodos, de 2008 a
2010 e de 2012 a 2013, nas áreas de planejamento estratégico, econômico,
financeiro e de relações internacionais. Por política interna, a Caoa não
comenta detalhes sobre contratos”. Procurada, a assessoria de imprensa do
ex-ministro Antonio Palocci não foi localizada.
Quanto a Erenice Guerra,
ela foi secretária-executiva da então ministra-chefe da Casa Civil Dilma
Rousseff, e sucedeu a chefe quando esta deixou o posto para concorrer à
Presidência em 2010. Deixou o cargo após acusações de tráfico de influência
envolvendo sua família no âmbito do ministério. Segundo a “Época”, o escritório
da ex-ministra recebeu R$ 12 milhões entre agosto de 2011 e abril de 2015. À
revista Erenice afirmou que não fala com a imprensa.
Da Redação com o Uol,
Época e Agências
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