segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Metrô para e PM faz operação tartaruga

Com a paralisação dos metroviários, apenas 30%
dos trens devem circular na manhã de hoje
Cerca de 160 mil pessoas estão sem transporte metroviário adequado desde a meia-noite de hoje. A paralisação do serviço, iniciada pelo Sindicato dos Metroviários (Sindmetrô), tem como objetivo reivindicar a realização de concurso público para o preenchimento de vagas no quadro de servidores. Atualmente, de acordo com a direção da Companhia do Metroviário do DF (Metrô-DF), o deficit é de 300 pessoas em cargos de engenharia, arquitetura e agentes de estação. O sindicato exige uma resposta do governo até as 17h de hoje. Caso contrário, promete iniciar uma greve por tempo indeterminado. Para piorar a situação dos brasilienses, policiais militares decidiram fazer operação tartaruga também a partir de hoje. A categoria reivindica reajuste salarial e plano de carreira. ...

Os metroviários alegam que o concurso público é promessa do governo desde 2012. O certame, porém, encontrou entraves na Justiça em dezembro passado. Com o aumento do salário da categoria, concedido em junho último, a seleção foi adiada novamente. A presidente do Metrô, Ivelise Longhi, garantiu que o edital será publicado em 13 de dezembro e, até 30 de junho, o concurso terá sido homologado. “Nós julgamos essa paralisação desnecessária, não há razão alguma. Não aceitamos e, infelizmente, o Sindicato não está se preocupando com o usuário”, afirma.

De acordo com um dos diretores do Sindmetrô, Alexandre Caldeira, a não realização do concurso é uma estratégia da empresa para continuar contratando trabalhadores terceirizados. “Eles querem deixar o tempo passar para fazer uma terceirização emergencial, que é uma situação precária de trabalho. Do jeito que está, tanto o usuário quanto o funcionário correm riscos no metrô, porque não temos efetivo”, reclama. Segundo ele, é necessário contratar cerca de 1,5 mil pessoas para desafogar o quadro.

A presidente da companhia considera que a questão dos terceirizados é absurda. “Eles não vão ser contratados. Nós temos terceirizados na segurança patrimonial, emprego que existe em todo serviço público”, garante. Outro serviço particular é o de bilheteiros, que, segundo Longhi, devem ser substituídos por máquinas nas estações e por um sistema de compras on-line.

O metrô conta hoje com cerca de 1,2 mil funcionários, sendo que por volta de 900 deles são terceirizados. Segundo Caldeira, um dos maiores problemas está na falta de vigilantes nas estações. “Nos últimos incidentes, não houve ação imediata dos empregados porque não temos efetivo. É preciso sair pegando gente de outras estações para resolver. Nos pontos que deveriam ter quatro agentes de segurança, com curso de primeiros socorros e viatura, não tem”, lamenta. “Metrô não é para dar lucro, é transporte público. Se o Estado coloca esse serviço na terceirização, passa para um empresário o direito de ir e vir das pessoas”, completa o dirigente do Sindmetrô.

Lentidão

Sindicatos e associações da Polícia Militar se reuniram em assembleia na última sexta-feira e decidiram que hoje vão começar uma desaceleração nos procedimentos. Eles reclamam que os aumentos salariais não acompanharam a inflação, ainda exigem um plano de carreira mais estruturado. Esses policiais não deixarão de atender a população, mas não vão ultrapassar a velocidade máxima permitida nas vias e deixarão o atendimento de ocorrências completamente sob o comando de entidades responsáveis, como a Polícia Civil e o Departamento de Trânsito (Detran).

O Correio entrou em contato com a corporação, que, por meio da assessoria de comunicação, informou que a instituição não reconhece a operação tartaruga. “Nós não podemos fazer greve. Essas são reivindicações de categorias, não da Polícia Militar. A corporação desconhece e não apoia nenhum tipo de operação que não seja normal”, informaram.

Memória

18 de abril de 2012

O Sindicato dos Metroviários (Sindmetrô-DF) entrou em greve às 23h50, por menores jornadas de trabalho, reajuste salarial de 25% e a realização de um novo concurso. A interrupção do serviço não durou mais do que 24 horas, com a promessa do governo de reduzir a jornada de trabalho.

12 de dezembro de 2011
Início da maior greve da história do Metrô do DF. O serviço foi prejudicado por 37 dias, com apenas 30% dos servidores trabalhando, nove trens funcionando nos horários de pico e seis no restante do dia. A reivindicação era a negociação da data-base daquele ano, além do pagamento de gratificações e melhorias de benefícios.

20 de outubro de 2010
Uma greve de dois dias foi deflagrada por 300 servidores do Metrô, em prol da redução da jornada de trabalho de 40 para 30 horas semanais, entre outras demandas. O Ministério Público do Trabalho mediou a discussão e, por fim, as partes chegaram a um acordo.
Fonte: Clara Campoli - Correio Braziliense - 21/10/2013

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