De acordo com o psicoterapeuta e escritor José Luis Cano, a
inveja nada mais é do que “um fenômeno psicológico muito comum que causa um
grande sofrimento para muitas pessoas, tanto para os invejosos como para suas
vítimas. Ela pode ser explícita e transparente, ou formar parte da psicodinâmica
de alguns sintomas neuróticos. Em todos os casos, a inveja é um sentimento de
frustração insuportável perante algum bem de outra pessoa, causando o desejo
inconsciente de danificá-lo”.
Cano também afirma que um indivíduo invejoso é um ser insatisfeito,
seja por imaturidade, repressão, frustração, etc. No geral, essas pessoas
sentem, consciente ou inconscientemente, muito rancor contra outros que possuem
algo que elas também desejam, mas que não podem obter ou não querem desenvolver
(beleza, dinheiro, sexo, sucesso, poder, liberdade, amor, personalidade,
experiência, felicidade).
É por isso que o invejoso, ao invés de aceitar suas carências
ou perceber seus desejos e capacidades e assim desenvolvê-los, odeia e deseja
destruir todas as pessoas que, como um espelho, lembrem-no da sua privação. Em
outras palavras, a inveja é a raiva vingadora do impotente que, em vez de lutar
por seus anseios, prefere eliminar a concorrência.
A inveja tem inúmeras formas de expressão: críticas, ofensas,
dominação, rejeição, difamação, agressões, rivalidade, vinganças. O psicoterapeuta espanhol José Luis Cano
assinala que “na escala individual, a inveja costuma ser parte de muitos
transtornos psicológicos e de personalidade; nas relações profissionais e de
casal, ela está envolvida em muitos conflitos e rupturas; e na escala social e
política, sua influência é imensa”.
Já o catolicismo considera a inveja como um dos sete pecados
capitais, uma vez que ela constitui a fonte de outros pecados. O invejoso
deseja ter algo que o outro possui, sem se importar em prejudicar a outra
pessoa, para obter esse bem. Para o cristianismo, esse sentimento baixo e
ignóbil é inaceitável, já que cria uma situação que causa infelicidade e dor
para o outro indivíduo.
O poeta italiano Dante Alighieri, na sua obra o Purgatório, o
segundo dos três cantos da Divina Comédia, define a inveja como “amor pelos
próprios bens pervertido ao desejo de privar a outros dos seus”. O castigo para
os invejosos era ter seus olhos fechados e costurados com arame, para que eles
não vissem a luz (porque haviam tido prazer em ver os outros sofrerem).
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