terça-feira, 10 de junho de 2014

PMDB deve reeditar apoio a Dilma, mas dissidentes tentarão impedir

Partido realiza convenção nacional nesta terça para votar aliança com PT.
Ala contrária diz que pode ter 40%; cúpula admite dissidência de 30%.

Felipe Néri e Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília
O PMDB realiza a partir das 9h desta terça-feira (9) convenção nacional do partido para decidir se apoiará a presidente Dilma Rousseff na eleição de outubro, mantendo a chapa atual com Michel Temer como vice-presidente. A expectativa, de acordo com a cúpula do partido, é de que a aliança com o PT receba o apoio de 70% dos peemedebistas. Já a ala dissidente do PMDB prevê uma disputa mais apertada, com votos de pelo menos 40% da sigla pela ruptura da aliança.
Esse grupo alega que o governo Dilma não incluiu o PMDB nas decisões de governo e critica a postura do PT de priorizar candidaturas próprias nos estados, em vez de formar coligações em algumas regiões com candidatos peemedebistas. A presidente vai comparecer à convenção por volta das 15h, quando os votos tiverem sido apurados.
Se tiver 30% [de votos contrários], eles estão reconhecendo a derrota. Tem que ter 51% [de votos favoráveis]. Tendo isso, estou satisfeito"
Michel Temer,
vice-presidente
Em reuniões nesta segunda (9) com alas do partido, como o PMDB Jovem e o PMDB Mulher, Temer pediu apoio e até "boca de urna" durante a convenção. Ele afirmou, porém, estar "confiante” na vitória" e minimizou a campanha de parcela da sigla contra o apoio a Dilma.
"Os levantamentos que temos revelam que a aliança será renovada. Eu não estou preocupado com percentual. Se tiver 30%, eles estão reconhecendo a derrota. Tem que ter 51%. Tendo isso, estou satisfeito", disse. 
Não tem a menor possibilidade de dar zebra [...] Quem votar contra vai estar votando contra o Michel Temer"
Valdir Raupp,
presidente interino do PMDB
O presidente interino do PMDB, Valdir Raupp (RO), disse ao G1 que não há "a menor possibilidade" de a convenção nacional rejeitar a chapa composta por Dilma e Temer. "Não tem a menor possibilidade de dar zebra", garantiu. "Quem votar contra vai estar votando contra o Michel Temer, porque o candidato é ele, candidato único, porque não tem nenhuma outra inscrição para disputar com ele", declarou.
Mesmo entre os delegados de estados onde há maior movimento contra o PT, como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, Raupp afirma que será possível manter a maioria dos votos favoráveis à aliança. "No Rio Grande do Sul, onde há disputa histórica entre PT e PMDB, acho que conseguiremos 70% de apoio. No Rio, o Sérgio Cabral tem dito que vai trazer cerca de 70% também", declarou Raupp.
 
Dilma não sabe conduzir o país num momento de crise econômica"
Danilo Forte,
deputado federal
'Ala independente'
Já peemedebistas que dizem integrar a ala "independente" do partido prometem que cerca de 300 dos 738 votos (40%) da convenção serão contrários à aliança com o PT. "O problema não é a manutenção do Michel Temer na vice-presidência, é como o Brasil vai conseguir virar a página de estagnação, da falta de perspectiva, da crise de governabilidade. Dilma não sabe conduzir o país num momento de crise econômica", disse o deputado Danilo Forte (PMDB-CE).
Nosso vice-presidente é um homem sério e correto, mas não somos ouvidos"
Darcísio Perondi,
deputado federal
Para o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), apesar de integrar o governo federal, o PMDB não tem voz nas decisões políticas. "No mínimo, 30% do PMDB vai votar contra a aliança. Essa aliança não foi boa para o PMDB e não foi boa para o Brasil. O governo Dilma foi um dos piores governos nos últimos 20 anos. Nosso vice-presidente é um homem sério e correto, mas não somos ouvidos", afirmou.
Na última quinta-feira (5), em evento promovido pelo presidente regional do PMDB no Rio de Janeiro, Jorge Picciani, lideranças do partido apoiaram à candidatura de Aécio Neves (PSDB). O candidato tucano, no entanto, não chegou a declarar apoio a Pezão, candidato à reeleição do PMDB para governador do estado.
Em pelo menos mais cinco unidades da federação (Acre, Bahia, Espírito Santo, Paraná e Roraima) é forte o movimento de dissidentes da aliança com o governo federal que defendem que o partido apoie o candidato do PSDB.  Em outros dois (Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul), parte dos peemedebistas quer apoio a Eduardo Campos (PSB).
Para o deputado federal Leonardo Picciani (PMDB-RJ), 2º secretário da Executiva Nacional do partido e um dos dissidentes da aliança com o PT no Rio, o resultado da convenção na terça pode ser "surpreendente".
"Há muita divisão no partido. Eu acredito que a tendência, como o voto é secreto, é que seja rejeitada a aliança eleitoral com o PT. Apesar de muitos declararem em que vão votar a favor da aliança, para evitar constrangimento com Michel Temer, na prática, na hora do voto, cada um vai votar no que for melhor para si", declarou Picciani.
Fonte: G1.

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