terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Discretas em 2011, jovens promessas têm política no DNA.

Deputada Distrital Celina Leão

O ano de 2011 marcou a estreia de algumas jovens promessas no cenário político nacional. Oriundos de legendas diversas, esses estreantes têm algo em comum: quase todos são herdeiros de clãs políticos. E, no primeiro ano de mandato, tiveram pouco espaço para se destacar. Embora alguns dos jovens líderes façam um balanço positivo de 2011, o fato é que eles precisam brigar por espaço com parlamentares mais antigos.
Além da idade, pesa contra esses parlamentares a pouca experiência nas casas legislativas. É raro que um parlamentar obtenha algum destaque já no primeiro mandato. Os personagens dessa reportagem não aparecem como grandes articuladores e têm um campo de influência limitado. Não há deputados federais com menos de 40 anos de idade em postos de destaque. Em 2011, eles tiveram um desempenho discreto: não aprovaram nenhum projeto, embora a maior parte dos colegas também não tenha tido sucesso nesse campo.
Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Juventudade, Domingos Neto (PSB-CE) diz que o grupo não é só composto por jovens, mas sim por parlamentares que militam em defesa da juventude. "Conseguimos alguns resultados importantes, como a aprovação do Estatuto da Juventude", diz ele, optando por um discurso otimista ao analisar o desempenho do grupo em 2011. Aos 23 anos, Domingos Neto é um dos mais jovens da Câmara. E garante que a pouca idade não atrapalha a relação com os colegas.
Não é o que diz Gabriel Guimarães (PT-MG), de 28 anos. Ele admite que a briga por espaço incomoda os mais antigos: "Ninguém que entra quer ser um deputado de segunda categoria. Essa postura não é bem-aceita pelos parlamentares, mas os jovens querem o seu espaço", diz. A bancada jovem da Câmara tenta atuar de forma articulada para garantir seu lugar em comissões e nas relatorias de projetos importantes. Uma lição Gabriel já aprendeu: "O jogo solo na Câmara não funciona. Quem que vai resolver sozinho não consegue".
Bruna Furlan (PSDB-SP), de 28 anos, é menos pessimista: diz que a idade e a pouca experiência não atrapalharam o primeiro ano de mandato. A jovem, que chama a atenção pela beleza nos corredores do Congresso, foi um dos nomes escolhidos para a vice-liderança tucana na Casa e apresentou onze projetos de lei. Assim como Bruna, a deputada distrital Celina Leão (PSD) é jovem, está no primeiro mandato, é apontada como musa e faz parte de uma oposição reduzida. Mas tem conseguido resultados. "Eu percebi uma forma de preconceito. Tem parlamentar que chega para a gente e diz 'desacelera um pouco, você está indo com muita sede ao pote', conta a parlamentar, de 34 anos. Em poucos meses de mandato, Celina conseguiu se transformar na oposicionista mais atuante da Câmara Legislativa.
Política no sangue - O deputado federal José Antonio Reguffe (PDT-DF), por sua vez, obteve algum impacto na chegada à Câmara. No primeiro mandato federal, aos 39 anos de idade, ele fez o que havia prometido na campanha: cortou funcionários do gabinete, reduziu a verba indenizatória e apresentou projetos de defesa do consumidor. Mas ainda restam três anos de mandato a cumprir. E ele sabe que a tramitação das propostas é lenta: "A Câmara não votou projeto não só meu, mas de nenhum parlamentar. A Câmara só votou medidas provisórias", diz o pedetista, desiludido.
Para chegar ainda jovem a um cargo de destaque, a história familiar parece ser essencial. Gabriel Guimarães é filho de um ex-deputado federal. Bruna Furlan é filha do prefeito de Barueri. Reguffe é sobrinho de um ex-senador. Domingos Neto é filho do vice-governador do Ceará. Celina Leão é filha de uma ex-secretária estadual de Goiás. "É natural que um filho siga a profissão do pai", diz Bruna Furlan, minimizando a influência familiar em seu sucesso político. Mas a verdade é que, para os jovens sem sangue azul, o caminho da política é uma realidade distante.
Apesar das queixas dos estreantes a respeito do pouco espaço dado aos menos experientes, a Câmara Federal tem dado sinais de renovação. Marco Maia (PT-RS), presidente da Casa, tem 46 anos e é mais novo do que seus quatro últimos antecessores. Além disso, o próximo líder do PSDB na Casa deverá ser Bruno Araújo (PE), de 37 anos. E, claro, o tucano não foge à regra: é filho de um ex-deputado estadual de Pernambuco.

Fonte: Blog do Sombra.

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