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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Gilson Dipp cassa liminar que poderia liberar Cachoeira

Determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) anula decisão do desembargador Tourinho Neto em favor do bicheiro Carlinhos Cachoeira (Foto: Nelson Jr/TSE)
O Ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), cassou a liminar concedida pelo desembargador Tourinho Neto em favor do bicheiro  Carlinhos Cachoeira no Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região. Dipp julgou procedente Reclamação 9121 do Ministério Público contra liminar de Tourinho Neto que liberava Cachoeira da prisão em decorrência das investigações da Operação Monte Carlo. ...


É o segundo grande golpe que a defesa do contraventor recebe num mesmo dia, já que a 2ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios decidiu, também nesta quinta-feira 21, que Cachoeira deve permanecer preso. Com o resultado, os advogados de Cachoeira afirmaram que vão recorrer ao Supremo Tribunal Federal por considerarem injusta a decisão.

Fonte: Brasília 247 - 22/06/2012

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Gilberto Carvalho quer CPI sendo usada para cuidar dos… mensaleiros!

Gilberto Carvalho, vocês sabem, guarda os arcanos petistas. É o homem mais importante do partido depois de Lula. Era o braço direito do prefeito Celso Daniel quando foi assassinado. Um dos irmãos do prefeito o acusa de ter confessado que levava mala de dinheiro da Prefeitura para José Dirceu. Os dois negam. É uma espécie de olheiro de Lula no governo Dilma — para que nada fuja do controle “do chefe”. E está mobilizado, também, para que a CPI do Cachoeira atenda a um propósito político-partidário — na verdade, para atender a uma banda do partido —, não para que puna os corruptos. Leiam trecho da reportagem de Daniel Pereira, Otávio Cabral e Rodrigo Rangel: ...

(…)
O senador José Sarney já recomendou ao PT que “controle os radicais”, argumentando que ninguém tem a ganhar se essa CPI começar a sair do controle”. O recado tem endereço certo: a turma que vê na CPI uma chance única de desmoralizar o julgamento do mensalão. A primeira ofensiva desse grupo foi dada na sessão da semana passada, com a tentativa de convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para depor na CPI. Sob o argumento de que ele deve explicar por que retardou a abertura de uma investigação contra Demóstenes Torres, os petistas querem colocá-lo no banco dos réus da CPI para tentar des- moralizá-lo. A imprensa é outro alvo que, na estratégia dos radicais, precisa sair chamuscada da CPI. Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, reuniu, na quinta-feira passada, em seu gabinete no Palácio do Planalto deputados e senadores petistas para lembrá-los de que “o alvo da CPI é o mensalão”. Carvalho, só para lembrar, foi chefe de gabinete de Lula nos oito anos em que ele ficou na Presidência. Conhece de perto, portanto, as entranhas do esquema de compra de apoio no Congresso, parte substancial do escândalo do mensalão.

O cenário inicial da CPI do Cachoeira é muito semelhante ao da CPI dos Correios, instalada em 2005 a partir da gravação na qual Maurício Marinho, diretor da estatal, cobrava 3 000 reais de propina, o que deu origem à descoberta de novos fatos envolvendo dinheiro público e compra de apoios pelo governo. Aquela CPI nasceu com o intuito de blindar os aliados do governo e era controlada por parlamentares fieis ao Palácio do Planalto. Exatamente como agora. Também tinha o mesmo prazo de atuação: 180 dias.

Mas, logo no início dos trabalhos, depoimentos bombásticos, como o do deputado Roberto Jefferson e do marqueteiro Duda Mendonça, incendiaram a comissão e provocaram uma indignação popular que impediu qualquer tipo de acordo. A atual comissão também tem fios desencapados e personagens que podem contar muita coisa. Cachoeira e Cavendish, por exemplo. Com uma matéria-prima mais modesta do que a produzida pelas operações da PF, a CPI dos Correios produziu a denúncia do mensalão, a cassação de José Dirceu e Roberto Jefferson e a renúncia de meia dúzia de políticos, além de tisnar a imagem imaculada de virgem ética do PT. A CPI do Cachoeira, com seu farto material, tem potencial ainda maior. Basta que não se torne refém de arranjos políticos

 
Leia a íntegra na edição impressa
 
Por Reinaldo Azevedo

Fonte: Veja.com - 07/05/2012 / BLOG DO SOMBRA / Blog Ta Na Balança

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Sem critério, Gurgel pode ser desmoralizado na CPI

 No DF, onde o esquema Cachoeira tentou se infiltrar, Agnelo Queiroz será investigado; em Goiás, onde há até a suspeita de propina no palácio, Marconi Perillo é poupado; com uma atuação pouco criteriosa, procurador Roberto Gurgel será um dos primeiros nomes ouvidos pela CPI

Foto: Folhapress_Divulgação
 Brasília 247 – O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, corre o sério risco de se transformar num dos alvos da CPI que investiga o caso Carlos Cachoeira. Dos mais de 170 requerimentos já apresentados, um dos primeiros a ser votados será o do senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), que pede justamente a convocação de Gurgel. Isso porque, durante dois anos, a PGR engavetou o pedido de investigação feito pela Polícia Federal contra o senador Demóstenes Torres (sem partido/GO), sem explicação plausível.
O que também continua sem explicação clara é a postura de Gurgel diante dos fatos novos que vêm sendo apresentados a cada dia. Desde o início da crise, ficou clara a influência do esquema Delta-Cachoeira no governo de Goiás, de Marconi Perillo. Carlos Cachoeira foi recebido pelo governador, por secretários e teve influência direta na nomeação de delegados e pessoas até do primeiro escalão do governo goiano. A Delta saiu do zero para um faturamento de mais de R$ 450 milhões em Goiás na era Marconi. E a bomba do dia diz respeito a um suposto pagamento de propina no Palácio das Esmeraldas, cujo destinatário seria o governador Marconi Perillo – que nega (leia mais aqui).
Apesar de tudo isso, Gurgel disse que ainda não vê elementos para investigar Perillo. De acordo com a PGR, não há “indícios suficientes”. O que é curioso quando o próprio governador admite que houve certa influência de Cachoeira em Goiás – e o próprio PSDB deve convocar seu governador.
Dois pesos, duas medidas
De maneira completamente distinta, Gurgel anunciou que irá investigar o governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz. O que os grampos da Polícia Federal revelam é que, desde o início do seu governo, arapongas e agentes da Delta tentavam se infiltrar no Distrito Federal, para replicar na capital federal e no seu entorno o reinado que haviam conquistado em Goiás. Gurgel, sem pensar duas vezes, anunciou a investigação.
Ao mesmo tempo, até hoje a Procuradoria Geral da República não conseguiu se livrar de outro fato constrangedor no Distrito Federal. Mais de dois anos depois da queda do ex-governador José Roberto Arruda, que foi preso e perdeu seu mandato, os procuradores ainda não conseguiram denunciá-lo. É uma situação esdrúxula, de uma condenação que já aconteceu na prática, sem a existência de um processo.
Gurgel também está na mira do PT pela denúncia final que apresentou no caso do mensalão. Uma peça que teria, segundo os petistas, caráter mais político do que técnico.

fonte: Blog do Callado

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Assessor de Agnelo deixa cargo após ser citado em grampo da PF

Claudio Monteiro nega ter favorecido grupo ligado a Carlinhos Cachoeira. Gravação feita em 2011 foi revelada pelo Jornal Nacional nesta terça-feira. O chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, Claudio Monteiro, anunciou sua saída do cargo na noite desta terça-feira (10). O anúncio ocorre depois de o Jornal Nacional, da TV Globo, revelar trechos de gravações feitas pela Polícia Federal que apontam a suposta ligação de Monteiro com o grupo de Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar esquema de jogo ilegal em Goiás. Monteiro disse que ligou para o governador logo após a exibição da reportagem do Jornal Nacional e que Agnelo aceitou sua saída. Segundo Monteiro, o governador teria deixado aberta a possibilidade de ele retornar ao cargo após o fim das investigações, uma vez provada sua inocência no caso. “A pior coisa que tem é você ser premido pelo cargo e impossibilitado de tomar um conjunto de providências. Eu tinha dois cargos que acumulava aqui – chefe de gabinete e secretário-executivo da Copa. Meu nome foi levado a isso por pessoas com quem não tenho contato”, disse ao G1. Na gravação, dois integrantes da quadrilha discutem o pagamento de uma mesada para ter benefícios em contratos milionários no setor de limpeza pública. Monteiro nega ter favorecido o grupo. Ele disse que pretende processar a PF e as pessoas que o citaram na gravação. “Ou a Polícia Federal apurou e aquilo não foi praticado ou apurou e não tomou providencia, o que é prevaricação.” A pior coisa que tem é você ser premido pelo cargo e impossibilitado de tomar um conjunto de providencias. Eu tinha dois cargos que acumulava aqui – chefe de gabinete e secretário- executivo da Copa. Meu nome foi levado a isso por pessoas com quem não tenho contato” Claudio Monteiro, que anunciou sua saída da chefia de gabinete do governador do DF, Agnelo Queiroz A gravação mostra o diálogo entre o então diretor da Construtora Delta na região Centro-Oeste, Claudio Abreu, para Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, um dos principais auxiliares de Carlinhos Cachoeira. Segundo a polícia, os dois falam sobre a nomeação de um aliado da quadrilha na direção do Serviço de Limpeza Urbana de Brasília (SLU), área de interesse da Delta. Eles citam dois nomes: Marcelão, que seria o ex-assessor da Casa Militar do GDF, Marcello Lopes, e Claudio Monteiro. O trecho indica a suposta indicação de João Monteiro para a direção do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) do Distrito Federal. Segundo a investigação, Dadá e Claudio Abreu acertam o pagamento de R$ 20 mil mais uma mesada mensal de R$ 5 mil a Claudio Monteiro pela indicação do nome de interesse do grupo para o cargo no SLU. “Não tenho nenhuma participação na indicação de João Monteiro para o SLU. Mesmo tendo o mesmo sobrenome, não é meu parente”, disse Claudio Monteiro. A PF não comprovou se o chefe de gabinete do GDF recebeu o dinheiro. A apuração da polícia indica que a quadrilha esperava que João Monteiro facilitasse negócios da Delta na coleta de lixo do DF. João Monteiro foi exonerado do SLU no fim de março. saiba mais
Claudio Monteiro admitiu ter recebido no final do ano de 2011 o diretor da Delta, mas negou envolvimento com irregularidades. “Eu recebi pessoas para tratar sobre o aterro, o lixão. Recebi um diretor regional de uma empresa conceituada, não recebi qualquer um, não. Na função de servidor público, recebi um diretor de uma empresa. Não recebi nenhum bandido, nenhum malfeitor”, afirmou. Contratos Atualmente, a Delta tem dois contratos na área de limpeza pública do DF, no valor total de R$ 470 milhões. Os contratos foram fechados antes de Agnelo assumir o GDF. O ex-diretor do SLU, João Monteiro, disse que nunca teve contato com a quadrilha nem facilitou negócios para a empresa Delta. A Delta declarou não ter qualquer relação imprópria com João Monteiro e reafirmou que afastou Claudio Abreu por causa das ligações com Cachoeira. Marcello Lopes não comentou as denúncias. O advogado de Idalberto Matias de Araújo disse que só vai se pronunciar quando tiver acesso ao inquérito. Claudio Monteiro disse que vai à Justiça pedir reparação. “Abri mão de meus sigilos bancário, fiscal e telefônico. Agora espero resposta da Justiça”, disse. “Livre da função, eu posso buscar as barras da Justiça para processar quem eu acho que deve ser processado, para que provem as acusações que fizeram contra mim.”
Fonte: Portal G1/ Palanque Capital

terça-feira, 10 de abril de 2012

QUE BICHO É ESSE!

No dia 13 de fevereiro de 2004 Lula enfrentou seu primeiro escândalo como Presidente da República. O ministro da Casa Civil, o todo poderoso, José Dirceu, através de seu assessor Waldomiro Diniz estava envolvido em propinas de Caixa 2 do PT, flagrado pelo chamado “empresário do jogo” Carlos de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
O tratamento da mídia dado a Carlinhos Cachoeira à época foi de grande “empresário do jogo” e dono do segundo maior laboratório de medicamentos genéricos do país: Vitapan. A TV Globo anunciava, no Jornal Nacional, a pedido do Palácio do Planalto, que a fita, flagrando Waldomiro pedindo propina a Cachoeira para as campanhas petistas presidencial e estaduais, era uma conspiração do Ministério Público e da imprensa contra o governo petista.
Hoje, passados oito anos e findado o governo Lula e a blindagem, Cachoeira e Waldomiro foram condenados pelo processo de 2004.
O Partido dos Trabalhadores saia, na ocasião, numa defesa feroz de Zé Dirceu e Waldomiro alegando que o “empresário do jogo” Carlos Cachoeira estava sendo usado num complô para beneficiar os tucanos derrotados nas eleições presidenciais.
Enquanto isso, numa cobertura na Avenida Atlântica esquina com a Rua Hilário de Gouveia, num dos pontos mais chiques do Rio de Janeiro, Copacabana, morava o bicheiro Aniz Abraão Davi, o Anísio. Alí era feita a arrecadação do jogo do bicho carioca. O mesmo apartamento, de propriedade do doutor Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo,  era usado  apenas para assistir a queima de fogos na passagem do ano, até 2003. Era um apartamento de alto luxo com mármore de carrara e louças portuguesa e inglesa, importadas com exclusividade para decorar a cobertura do empresário e jornalista.
Recentemente a TV Globo, no Jornal Nacional, mostrou imagens da cobertura dizendo que o bicheiro Anísio vivia num luxuoso apartamento em Copacabana. Mas omitiu que o proprietário anterior era o falecido presidente das Organizações Globo doutor Roberto Marinho.
O Jogo do Bicho no Rio de Janeiro se mistura com a arrecadação de dinheiro do Metrô e trens de superfície. Os bicheiros comandam parte das estatais do Governo Carioca.
A Operação Monte Carlo foi montada pela Polícia Federal de Brasília e Ministério Público Federal para atuar no Estado de Goiás. O objetivo era atingir Demóstenes Torres e Marconi Perillo. Ambos oposição ao PT.
Dessa vez, o personagem é o mesmo, mas o tratamento dado pela mídia e pelo Palácio do Planalto mudou muito. Agora, Carlinhos Cachoeira, “empresário do jogo” é chamado de bicheiro, contraventor e presidiário em Mossoró.
Os bicheiros de renome no país estão revoltados com a imprensa quando denominam Carlinhos Cachoeira de “bicheiro”. Segundo eles, Carlinhos não passa de vendedor de papel para gerenciar loterias nos Estados e gerente de grupos proprietários de caça-níqueis.
Waldomiro e Zé Dirceu, em 2004, tentavam legalizar as máquinas de caça-níqueis para o “empresário do jogo” Alejandro de Viveiros Ortiz, que tinha o foco apenas em seus próprios negócios. Enquanto isso, Carlos Cachoeira, outro “empresário do jogo”, com um foco mais “profissional” queria as caça-níqueis em casas especializadas, ou seja, a legalização total do jogo no Brasil, com a apuração em real time, on-line. Cachoeira pensava no software do jogo on-line, desenvolvido especialmente para suas empresas e que já atuam no mercado internacional.
Agora, a Operação Monte Carlo não quer revelar os negócios do “empresário do jogo” Carlos Cachoeira. Omite a participação de grandes empreiteiras, que abocanharam bilhões dos cofres públicos durante o Governo Petista. Em centenas de horas de grampo telefônico, apenas 2 minutos se referem ao chamado “Jogo de Azar”.
Carlinhos Cachoeira fala com o senador Demóstenes Torres e pede para “tocar no Senado o projeto de lei de autoria do ex-senador Maguito Vilela.” Demóstenes, após analisar, diz que o conteúdo vai de encontro ao projeto de Cachoeira. Mas mesmo assim, Cachoeira pede o empenho de Demóstenes, para colocar em votação para apreciação de todos os senadores.
A bancada da legalização do jogo no Congresso é muito forte. O retorno dos cassinos é projeto do senador Edison Lobão, com o apoio do PMDB. A legalização das máquinas de caça-níqueis e bingos é do ex-senador Maguito Vilella e outros parlamentares, inclusive do PT, e na Câmara, há projetos de dezenas de deputados.
Quando as gravações do MPF revelam o nome de Cláudio Abreu não diz que se trata do diretor do Centro-Oeste do Grupo Delta de Engenharia, o maior fornecedor do Governo Federal. A Delta atua fortemente no Governo de Goiás, com obras e locação de veículos. O governador Marconi Perillo chegou a conversar com Cláudio Abreu no sentido de liberar concessões em todo o Estado para beneficiar Carlos Cachoeira. A Delta estava sendo usada como fachada de negócios do contraventor, que despachava numa sala no mesmo andar da empreiteira em Goiânia. Por isso, aparece nas gravações falando de milhões com seu contador. Já que o contraventor falava em milhões com o seu representante fiscal, não poderia estar se referindo ao jogo e sim a negócios “lícitos” e “declarados”.
E é pela porta dessa “legalidade” Carlinhos Cachoeira entra em Brasília gerenciando com Cláudio Abreu o lixo do DF. O gerente do Centro – Oeste da Delta é o contato de Cachoeira  com o GDF, juntamente com o Dadá, Idalberto Matias de Araújo, o braço operacional de Carlinhos.
Cláudio Abreu faz contato com o Governador Agnelo, através do chefe de gabinete Claudio Monteiro e Marcello de Oliveira Lopes, o Marcelão, da Casa Militar e dono da Plá Comunicação. A agência está no nome da mãe de Marcello, Marly Antônia de Oliveira Castro.
O que chamou a atenção do MPF foi o modus operantes de Carlinhos Cachoeira. A equipe que trabalha com ele faz monitoramento clandestino eletrônico e telefônico de empresários, políticos e jornalistas. Carlinhos também tem o costume de gravar as conversas durante seus encontros.  Tudo isso fazia parte de um plano do “empresário do jogo” para comprar parte da Delta e se tornar parceiro de Fernando Cavendish, o presidente da Delta que recentemente durante uma reunião de diretoria da empresa disse na mesa que é muito fácil comprar um senador da base governista para conseguir obras. “Senador tem preço é só pagar que ele dá um jeitinho ”
O mais interessante é que até agora o Senado não chamou o empresário para explicar por quanto é possível comprar um senador.
Fonte: Blog Quid Nove

terça-feira, 3 de abril de 2012

Caso Cachoeira começa atingir políticos do DF

Demóstenes e Carlos Cachoeira usavam telefones codificados para garantir a privacidade de suas conversas (Andre Coelho/ Ag. Globo Joedson Alves/AE)

Gravações da Polícia Federal, obtidas com exclusividade por VEJA, revelam novas conversas sobre negócios entre Demóstenes Torres e o contraventor Carlos Cachoeira e complicam ainda mais a situação do parlamentar

Mesmo no tolerante mundo da política brasileira, certos tipos de relacionamento costumam ser fatais para a reputação de homens públicos. Um congressista usar do cargo para defender interesses privados em troca de benefícios materiais é inaceitável em qualquer ambiente que preze minimamente os valores republicanos. A situação torna-se ainda mais insustentável quando o congressista pilhado nesse tipo de comportamento é, aos olhos do grande público, o mais ardoroso defensor da moral e dos bons costumes. Coloque-se do outro lado da relação promíscua um contraventor acusado de comandar uma máfia especializada em jogos ilegais e negócios suspeitos com o poder, e abrem-se para o congressista os portões dos mais profundos círculos infernais de Dante — os da fraude e da traição. Estrela da oposição, intransigente defensor da ética e crítico ferrenho do comportamento dos colegas, o senador Demóstenes Torres é um político nessas circunstâncias, que só pioram para ele à medida que se revela a natureza de sua relação com o contraventor goiano Carlinhos Cachoeira, que está preso.
Pilhado em uma investigação da Polícia Federal que mapeou os negócios de Cachoeira, Demóstenes Torres viu sua biografia virar pó desde que começou a ser revelada a amplitude de suas relações com o contraventor. Descobriu-se que o senador — que em público tinha um comportamento reto, vigilante — possuía uma conduta bem diferente no ambiente privado. Conforme VEJA revelou em sua edição de 7 de março passado, Demóstenes gozava da intimidade do contraventor, com quem falava em média duas vezes por dia, e dele recebeu de presente uma geladeira e um fogão importados avaliados em 30 000 reais. Amigos de posses podem muito bem se presentear com fogões e geladeiras desse valor. Mas a situação do senador se complicou com a revelação de que entre ele e o contraventor existia mais do que amizade. Existia uma sociedade de interesses mútuos — o contraventor dava presentes e dinheiro; o senador retribuía advogando em favor dos negócios do sócio.
Breno Fortes/CB/ D. A Press
"Esse documento aí é para botar na mão do Marcelão (...) Ele vai direto no gabinete do governador (Agnelo Queiroz, na foto). São os nomes que a gente quer." 

VEJA obteve cópias de áudios gravados pela polícia que evidenciam a natureza da relação comercial entre os dois. Nas gravações, Demóstenes se comporta como sócio de Cachoeira.

DIÁLOGO GRAVADO EM 14 DE ABRIL DE 2011
Demóstenes usa o cargo de senador para ajudar o contraventor Carlinhos Cachoeira, também dono de laboratório farmacêutico, a resolver problemas da empresa na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Demóstenes — Fala, professor!
Cachoeira — Doutor, aquele negócio daquele rapaz do Enio que trabalha na Anvisa, pô. Podia pôr ele com o Wladimir aí pro Wladimir olhar nossas coisas com ele. O tal de Rech (segundo a PF, Norberto Rech, diretor adjunto da Anvisa).
Cai a ligação e em seguida eles voltam a se falar:
Demóstenes — Ô, professor! Tá ouvindo aí?
Cachoeira — Tô ouvindo. Aquele... o Norberto... Você teve com ele ontem pra olhar aqueles trem que eu te pedi?
Demóstenes — Tive com ele e ele me disse o seguinte: ele quer fazer com vocês uma coisa até melhor. É... Quer fazer uma agenda programada. Cê vai pegar tudo o que cê tem que vai ser renovado e já vai começar a tocar agora (...) E o que que eu disse para ele? Que você tem uma possibilidade de montar uma indústria lá em Santa Catarina, certo? Aí alimenta essa esperança no sujeito aí e vai tocando o bonde. Vou falar pra ele receber o Wladimir, falou?
Cachoeira — Aí hoje ele vai com... ele... O Wladimir tá indo lá hoje. Aí o Adriano vai com ele, entendeu? Aí já vê tudo!
Demóstenes — Tá. Eu vou marcar lá. Falou? E te ligo.
Dez minutos depois, o senador retorna o telefonema, já com a resposta. Ao se referir aos interesses do laboratório de Cachoeira, Demóstenes fala na primeira pessoa do plural:
Demóstenes — O Norberto tá esperando os dois lá às 2 da tarde. Eu falei pra ele (...) que a empresa está disposta a montar uma unidade lá em Santa Catarina. Então fala pro Wladimir dar corda nisso aí e depois nós descemos lá em Santa Catarina e falamos com o Enio, falamos com ele. Cê entendeu? Faz um acerto mais amplo. Entendeu?
Cachoeira — Excelente, doutor. Obrigado!

DIÁLOGO GRAVADO EM 11 DE ABRIL DE 2011
Desta vez, é Demóstenes quem procura Cachoeira, interessado em arrumar contratos em Mato Grosso para uma agência de publicidade amiga.
Demóstenes — Mestre, é o seguinte: a gente tem uma agência de publicidade querendo entrar lá no Mato Grosso. Você acha que consegue?
Cachoeira — Quem tem?
Demóstenes — Amigo nosso.
Cachoeira — Pode ser. Vou olhar isso agora. Se for interesse seu...
Demóstenes — Tá licitando para a Copa. Acho que é um negócio bacana.
Cachoeira — Acho que eu consigo. Vou olhar agora.
(...)
Demóstenes — Vou dar uma passada aí então para falar sobre isso, pode?
Cachoeira — Tá bom, tô te esperando.

DIÁLOGO GRAVADO EM 14 DE ABRIL DE 2011
Demóstenes novamente presta favores a Cachoeira e seus amigos. Desta vez, ao receber pedido para solucionar uma demanda de um colega do contraventor no Ibama, ele oferece uma solução ainda melhor: ir por cima e conversar direto com a ministra do Meio Ambiente, com quem diz ter uma relação muito boa.
Cachoeira — O Rossini vai tá aí amanhã pra ir lá no Ibama.
Demóstenes — Uai, tranquilo!
(...)
Cachoeira — No Ibama. Já tá marcado lá. Você podia acompanhar ele lá.
Demóstenes — Ah, tá. Que horas?
Horas depois, a dupla volta a tratar do assunto:
Demóstenes — Tô achando que este trem de Ibama não vai resolver nada pra ele, não. Tô às ordens, mas acho que é melhor ir por cima. Eu tenho acesso bom à ministra.
Cachoeira — À ministra?
Demóstenes — Ministra! A ministra lá do Meio Ambiente. O Ibama é subordinado a ela, uai!
Cachoeira — Agora. Vou falar pra ele te chamar aí. Obrigado aí!

                                             Dida Sampaio/AE

 "A Rosana pode ser um salário de 2 000. A Vanessa é gerência, tá? A Renata é um salário de 2 000, não precisa ser gerência, não. O Édson, cargo de gerência."

Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal abriu inquérito para investigar Demóstenes. "Meu cliente é vítima de uma investigação ilegal", afirma o advogado do senador, Antonio Carlos de Almeida Castro. A investigação promete causar danos também em outras frentes. Os grampos telefônicos põem na cena da máfia os governos de Brasília, comandado por Agnelo Queiroz (PT), e de Goiás, controlado por Marconi Perillo (PSDB). Em Brasília, as escutas indicam que o grupo tinha acesso ao gabinete de Agnelo. Inclusive para fazer indicações políticas. "Esse documento aí é para botar na mão do Marcelão (...) Ele vai direto no gabinete do governador", diz o araponga Idalberto Matias, o Dadá, um dos capangas de Cachoeira. "São os nomes que a gente quer", afirma.
O governador Agnelo negou a VEJA qualquer relação com a tropa de Cachoeira. Em Goiás, as investigações mostraram que o ponto de contato entre Ca­choei­ra e o governador Marconi Perillo era um ex-vereador de Goiânia. Também lá o contraventor decide nomeações — e diz até que cargos cada indicado vai ocupar e quanto vai ganhar. O governador de Goiás também nega ligação com Cachoeira e diz que combate "toda sorte de crimes e contravenções".

Fonte: Revista Veja / Palanque Capital.