É cada vez maior a quantidade de processos abertos contra homens acusados de humilhar, espancar e até matar as companheiras
Publicação: 10/07/2014 06:05 Atualização: 10/07/2014 06:56
Sete anos de namoro, dois de casamento, um bebê de oito meses
e muitas agressões. Esse foi o saldo do relacionamento que acabou em
ocorrência, ação na Justiça e muita tristeza para a professora Fátima*, de 32
anos. “Por muito tempo, aguentei calada porque acreditei que ele poderia mudar.
Depois que a minha filha nasceu e ele continuou me batendo, decidi dar um
basta”, conta. O caso dela é um dos 3,5 mil em tramitação no Juizado de
Violência Doméstica de Taguatinga, que, hoje, ocupa o primeiro lugar no DF em
número de processos dessa natureza — no total, são 8.167.
A demanda crescente obrigou o titular do juizado a organizar
um mutirão para atender com mais agilidade as vítimas. “As mulheres têm sentido
a presença do Estado e, por isso, buscam mais o direito a uma vida livre de
violência. Quando ela vai à delegacia e ao judiciário é bem atendida, percebe
que não está sozinha nesse enfrentamento”, afirma Taciano Vogado, que assumiu o
juizado em abril de 2012.
Dividido em duas fases, o esforço concentrado vai promover
cerca de mil audiências — de instrução e julgamento de ações penais e de
requerimento de medidas protetivas. A primeira etapa seguiu até 27 de junho, e
a segunda está marcada para julho. A iniciativa recebeu apoio da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) no DF, que, por meio da Comissão da Mulher Advogada,
reuniu 23 profissionais para trabalharem de forma voluntária no mutirão. “As
brasilienses estão apanhando e morrendo, não há mais tempo a esperar”, diz a
advogada Lúcia Bessa, uma das organizadoras.
A professora Fátima demorou para denunciar a violência, mas
tem certeza de que não estaria viva se permanecesse ao lado do ex-marido. Em
dezembro do ano passado, saiu de casa em uma madrugada chuvosa e procurou a
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Com as costas marcadas
pela pancada dada pelo então companheiro com uma tábua de passar roupa, chegou
à polícia com a filha recém-nascida nos braços. “Todos foram muito prestativos,
senti-me acolhida e tive a certeza de que não queria mais aquele homem ao meu
lado”, lembra.
Fonte: Correio Web
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