Estudantes com os rostos escondidos ocupam a reitoria há quatro dias para protestar contra a abertura de processos administrativos que apuram responsabilidade em vandalismo no câmpus da Asa Norte. Professores e servidores realizam hoje ato pela paz na instituição
Publicação: 09/06/2014 06:00 Atualização: 09/06/2014 07:07
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Para integrantes do movimento, protesto com caráter político tem como objetivo impedir a criminalização e o jubilamento de oito alunos |
A Universidade de Brasília (UnB) vive um
clima de guerra civil, nas palavras do reitor da instituição, Ivan Camargo.
Diante da ocupação do prédio da reitoria por estudantes, desde quinta-feira
passada, e de episódios recentes de festas que terminaram em quebra-quebra e
pessoas feridas, a coordenação promete manter a medida administrativa de
responsabilização de oito estudantes por um “catracaço” no ano passado, além de
medida judicial de reintegração de posse do edifício. O prazo para a
desocupação dos estudantes terminou ontem, às 20h30, mas até esse horário cerca
de 50 pessoas permaneciam no local.
Por conta dos últimos incidentes, Camargo
decidiu antecipar a restrição de entrada de pessoas a partir das 22h no
Instituto Central de Ciências (ICC), o Minhocão. Desde o início da gestão dele,
há um ano e meio, esse sistema funcionava a partir das 22h30 — quando termina o
período noturno na instituição. A antecipação do horário ocorre junto ao
incremento no número de funcionários da segurança, cujo objetivo é coibir as
ações de vandalismo e violência no espaço.
Uma vertente de estudantes, servidores e
professores, descontentes com os últimos episódios, realizam um ato, hoje, às
10h, na reitoria da UnB. Nomeada “Democracia contra a Violência”, a ação visa
repudiar a invasão e a transgressão às regras de convivência na universidade.
Em entrevista exclusiva concedida ontem ao Correio, o reitor Ivan Camargo
confirmou presença na manifestação. Um texto escrito pelo docente da
universidade Roberto Ellery foi publicado em uma rede social numa página que
convoca pessoas para a mobilização.
ENTREVISTA - Ivan Camargo
Como está o clima na Universidade de Brasília
hoje?
É assustador ver que existe um movimento
mascarado na universidade. Estamos vivendo um momento de muita violência,
contrário a tudo o que nós pregamos: democracia, decisões colegiadas e respeito
à diversidade. Estamos vendo essa violência cotidianamente em festas. A
administração faz tudo para não permitir que se transforme o ambiente acadêmico
numa bagunça, e a gente não consegue. Temos cercas, entradas subterrâneas, caminhos
que as pessoas fazem para ocupar o ICC. A descrição que se tem no ICC e as
visitas que faço são de guerra civil. Laboratórios são quebrados, todos os
banheiros depredados. A gente encontra bebida e todo o tipo de lixo espalhado,
além de pessoas no início da manhã alcoolizadas, completamente inúteis,
completamente passadas.
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"A descrição que se tem no ICC e as visitas que faço são de guerra civil", lamenta Ivan Camargo |
O que se pode fazer?
A administração não pode permitir uma
situação dessas. E há uma postura institucional não só do reitor. Tivemos uma
reunião do nosso Conselho de Administração para responsabilizar as pessoas que
organizam essas festas. Ninguém pode imaginar que a ação de estudantes dentro
da universidade, que são donos da universidade, pode ser uma ação criminal.
Então, o primeiro ponto é a não criminalização da ação. O ponto muito
importante é a responsabilização. Se você faz um dano ao patrimônio público,
deve ser responsabilizado por ele. Então, estamos passando a conta da
quebradeira, da limpeza, as várias contas do dano ao patrimônio público, aos
CAs (Centros Acadêmicos) que divulgaram as festas.
Fonte: Correio Web.
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